A COVID-19 como acontecimento discursivo: um “carnaval” de sentidos nas mídias digitais


resumo resumo

Lucinéia Oliveira
Gerenice Ribeiro de Oliveira Cortes



Acabou nosso carnaval/ Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou”
(Marcha da Quarta-feira de Cinzas, composição:
Carlos Eduardo Lyra Barbosa /
Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes)

 

A pandemia Covid-19 é sem dúvida um dos acontecimentos mais importantes da história recente da humanidade, sobre a qual foram produzidas muitas informações, desde que a China notificou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a existência de uma possível cepa de Coronavírus que estava causando pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, no dia 31 de dezembro de 2019.

Identificado como Síndrome Respiratória Aguda Grave Coronavírus 2 (SARS-CoV-2), o novo vírus, agora com nome e sobrenome, causa a doença do Coronavírus (Covid-19). Segundo a OMS, a nomeação oficial foi feita pelo Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV) no dia 11 de fevereiro de 2020. Trata-se de uma doença infecciosa que tem como principais sintomas, febre, cansaço e tosse seca.

Conhecida por todos, em 26 de fevereiro de 2020, o Brasil confirma seu primeiro caso, já sabendo a forma de contaminação, de prevenção e com protocolo de atendimento para a doença. A notícia era aguardada e inevitável, pois, a geografia de um país continental como o Brasil, que faz fronteira com 10 países da América do Sul e conta com um total de 31 aeroportos internacionais, não conseguiria permanecer sem a presença do vírus por muito tempo, era questão de tempo a confirmação do primeiro caso que tomaria conta de todo noticiário nacional.

Essas notícias foram multiplicadas e amplificadas por meio das mídias digitais, produzindo, segundo a OMS (2020), outra enfermidade, a infordemia, ou seja, um aumento no volume de informações sobre determinado assunto, que podem se multiplicar em pouco tempo devido a um evento específico.

 

Nessa situação, surgem rumores e desinformação, além da manipulação de informações com intenção duvidosa. Na era da informação, esse fenômeno é amplificado pelas redes sociais e se alastra mais rapidamente, como um vírus (WHO, 2020)

 

Desse modo, as inquietações sobre os efeitos da circulação dos discursos materializados na imensidão dos noticiários digitais acerca da pandemia motivaram este estudo, cujo objetivo é analisar a pandemia da Covid-19 como acontecimento discursivo, visando à compreensão dos confrontos de sentidos e de posições-sujeito nas redes digitais. O trabalho ancora-se nos pressupostos teóricos da Análise Discurso desenvolvida por Michel Pêcheux, com foco especial nas noções de acontecimento discursivo, interdiscurso e memória, metáfora discursiva, paráfrase e polissemia.

A partir de um arquivo digital construído de notícias sobre a pandemia, publicadas nos sites UOL, G1 e Ministério da Saúde, no dia 26 de fevereiro de 2020, efetuamos um recorte para a formação do corpus deste estudo, que se constitui de trechos da primeira notícia sobre o primeiro caso de Covid-19 confirmado no Brasil, além de alguns comentários dos leitores internautas. Dessa forma, os recortes efetuados foram distribuídos em seis sequencias discursivas, conforme apresentamos, a seguir.

 

Gestos de análise: pandemia, discurso e acontecimento

A análise de discurso (AD) trabalha com a intepretação, sendo considerada uma disciplina de entremeio, que não acumula conhecimentos, mas que discute seus pressupostos continuamente (ORLANDI, 2020). Na conjuntura da sua constituição epistemológica, a AD recebe contribuições da linguística, com a noção de língua, do Marxismo, com o materialismo histórico e a noção de ideologia, e do conceito de inconsciente, advindo da psicanálise, que atravessa a teoria discursiva de Pêcheux.

Entretanto, esses conceitos são ressignificados no campo da AD, a exemplo da língua, que passa a funcionar como a base material dos sentidos. Segundo Leandro Ferreira (2010) a língua na AD não trabalha como uma estrutura fechada, ela admite falhas, furos, falta. Assim, “trabalhando na confluência desses campos de conhecimento, irrompe em suas fronteiras e produz um novo recorte de disciplinas, constituindo um novo objeto que vai afetar essas formas de conhecimento em seu conjunto: este novo objeto é o discurso” (ORLANDI, 2015, p.18).

O discurso, objeto da AD, se materializa na língua, e a ideologia é a materialidade do discurso. Nessa trama, o sujeito não é a fonte do sentido, segundo Paul Henry (2014), Pêcheux (1969) introduz o sujeito no discurso como efeito ideológico elementar, em que qualquer pessoa, enquanto sujeito, é interpelada a ocupar um lugar determinado no sistema de produção, ou seja, “nada se torna um sujeito, mas aquele que é ‘chamado’ é sempre já-sujeito [...] Em outras palavras, todo sujeito humano, isto é, social, só pode ser agente de uma prática social enquanto sujeito” (HENRY, 2014, p. 31).

Ao iniciar nossos gestos de análise, faz-se necessário, ainda, discorrer sobre a noção de acontecimento discursivo, tendo em vista a sua centralidade em nossas reflexões. Porém, é necessário destacar que o acontecimento discursivo não se confunde com o acontecimento histórico e o jornalístico. Segundo Le Goff (1990), o acontecimento histórico ou fato histórico é resultado da construção do historiador e explica: “O fato não é em história a base essencial de objetividade ao mesmo tempo porque os fatos históricos são fabricados e não dados e porque, em história, a objetividade não é a pura submissão aos fatos” (LE GOFF, 1990, p.32).

 Já o acontecimento jornalístico, conforme os estudos de Dela-Silva (2016), assim como o acontecimento histórico, é uma prática discursiva que funciona a partir da construção do jornalista, em seus gestos de interpretação, tanto atualiza como retoma sentidos já ditos. A autora entende o acontecimento jornalístico “como uma prática da/na mídia que instaura discursividades, produzindo efeitos de sentidos para e por sujeitos em determinadas condições de produção” (DELA - SILVA, 2016, p.261). Também, segundo a pesquisadora, esta noção vem para sustentar o relato jornalístico, “como um gesto interpretativo acerca de uma ocorrência em um momento dado, que ao ser considerado de interesse, ganharia espaço nos noticiários, passando a circular na mídia” (DELA - SILVA, 2015, p.222).

Por seu turno, o acontecimento discursivo é definido por Pêcheux (1983) como ponto de encontro de uma atualidade com uma memória. Conforme o autor, é a memória que irá possibilitar o encontro entre temas de princípios tão distintos, “acontecimento histórico (um elemento histórico descontinuo e exterior) é suscetível de vir a se inscrever na continuidade interna, no espaço potencial de coerência próprio a uma memória” (PÊCHEUX, 1983 [2015], p. 43). Segundo Pêcheux (1983), essa memória não é a psicológica, de sentido individual, mas aquela que entrecruza os sentidos da memória mítica, da memória social com a memória construída pelo historiador.

 

A memória discursiva seria aquilo que, face a um texto que surge como acontecimento a ler, vem restabelecer os ‘implícitos’ (quer dizer, mais tecnicamente, os pré-construidos, elementos citados e relatados, discursos-transversos, etc) de que sua leitura necessita: condição do legível em relação ao próprio legível (PÊCHEUX, 1983 [2015], p. 46)

 

 Nessas condições, na AD, há um jogo de força da memória, que irrompe do acontecimento, que busca manter uma regularização pré-existente no implícito veiculado, visando a estabilização parafrástica que absorva ou dissolva o acontecimento, mas também, o contrário, “o jogo de força de uma ‘desregulação’ que vem perturbar a rede dos ‘implícitos’” (PÊCHEUX, 1983 [2015], p. 47).

Assim, o fato novo, a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, que já era aguardado, instaura, ao mesmo tempo, um acontecimento histórico no país, um acontecimento jornalístico – com a inundação de notícias – e, principalmente, instaura um acontecimento discursivo, ao atualizar a memória de outras pandemias já vivenciadas e instaurar uma intensa “circulação-confronto de formulações”, um confronto discursivo “que será repetido como eco inesgotável, apegado ao acontecimento” (PÊCHEUX, 1983 [2015], p. 21). Na contemporaneidade, esse eco inesgotável funciona com outros efeitos, com intensa e célere movimentação de sentidos e de sujeitos, tendo em vista as condições de produção e circulação dos discursos nas mídias digitais.

Deste modo, a Covid-19 pode ser considerada um acontecimento jornalístico, pois instaurou discursividades em toda mídia jornalística, em uma

 

[...] rede dos sentidos, dizeres, já ditos e não dizeres tornam a pandemia um acontecimento jornalístico na mídia, construindo, assim, efeitos de sentidos para a doença, mas também estabilizando sentidos para os sujeitos que nela estão imersos” (DELA-SILVA, 2021, p. 388)

 

Orlandi (2021) considerou a pandemia Covid-19 como um acontecimento discursivo; conforme a autora, a pandemia domina todas as discursividades, presentes em todas as mídias, redes sociais, conversas com os amigos, no trabalho, nos lares, escolas, no meio de científico, entre os políticos, em qualquer lugar é o principal assunto, atualizando memórias de outras situações pandêmicas como a Aids e a gripe espanhola. Segundo a autora, este acontecimento faz funcionar uma metaforização em toda linguagem. “Sobre tudo que dizemos paira a metaforização dessa ameaça global. Contagiando não só as posições-sujeito, mas também as palavras” (ORLANDI, 2021, p.3). Portanto, essa metaforização, segundo Orlandi, invade não apenas fronteiras da linguagem, mas também instaura sentidos e irrompe palavras que surgem de qualquer parte.

No caso da Covid-19, antes mesmo de que fosse decretada pela OMS, o estado pandêmico no mundo, os informativos que chegavam da China a partir do dia 31 de dezembro de 2019, já começava a fazer trabalhar o acontecimento, por meio de uma ampla divulgação das notícias dos primeiros contaminados, primeira morte e, consequentemente, o espalhamento da doença por outros países, até sua chegada ao Brasil, pode se configurar como a prefiguração discursiva do acontecimento, conforme argumenta Pêcheux:

 

Por um imenso trabalho de formulações (retomadas, deslocadas, investidas de um lado e de outro do campo político) tendendo a prefigurar discursivamente o acontecimento, a dar-lhe forma e figura, na esperança de apressar sua vinda... ou de impedi-la” (PÊCHEUX, 1983 [2015], p. 20)

 

Dessa forma, a partir da confirmação do primeiro caso de contaminação pela Covid-19, no Brasil, a pandemia passa a dominar as discursividades midiáticas como o assunto principal; nos canais de mídias jornalísticas digitais, o tema da pandemia se multiplica e passa a ocupar todo espaço da página de abertura (capa). Também obriga tais mídias à criação de editorias exclusivas para organização de seus arquivos sobre a pandemia, com notícias que devem ser consumidas por todos que navegam em suas plataformas multimoldais, com áudios, vídeos, imagens, gráficos, textos, abordando assuntos variados sobre prevenção, dados epidemiológicos, descobertas cientificas, tratamentos e números, muitos números que se multiplicam promovendo uma contagem progressiva de casos, mortes, curados e vacinados.

Esses dados e informações, em sua maioria, foram disponibilizados com livre acesso, outros são restritos ao público assinante. E assim foi formando um imenso arquivo digital acerca da pandemia, arquivo aqui entendido por Pêcheux ([1982] 2014), no sentido amplo, como campo de documentos pertinentes sobre determinada questão, que também sofrem os efeitos das condições de produção do discurso digital. “Através de seus algoritmos ou softwares, essas grandes corporações ou empresas de TI regulam a relação com a memória, com o arquivo e com a leitura” (DIAS, 2018, p.69)

 A partir desse grande arquivo, como já sinalizado, construímos as sequências discursivas (SDs), as quais serão analisadas, a seguir, distribuídas em dois recortes. O primeiro recorte compõe-se de notícias sobre o primeiro caso de covid-19 confirmado no Brasil. Já o segundo recorte, traz como materialidades discursivas, alguns comentários dos leitores das notícias sobre o primeiro caso de Covid-19 no Brasil.

 

SD1 - Notícia do MS - primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil

Fonte: Site do Ministério da Saúde [1]

 

Na sequência discursiva (SD1) temos um recorte da notícia do primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil, publicado no site do Ministério da Saúde no dia 26 de fevereiro de 2020 às 14h44. No destaque, a seguinte fala do então ministro da Saúde, Henrique Mandeta, “É mais um tipo de gripe que a humanidade vai ter que atravessar. Das gripes históricas com letalidade maior, o Coronavírus se comporta à menor e tem transmissibilidade similar a determinada gripes que a humanidade já superou”. Na SD1 o discurso governista anuncia a primeira confirmação do caso Coronavírus (Covid-19), descrita pela OMS como uma doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2; nessa sequência da doença é discursivizada com sentidos de uma gripe, uma infecção viral aguda do sistema respiratório.

Além da comparação, o discurso produz um efeito de amenização e simplificação do problema ao lembrar de gripes históricas, chegando a afirmar que a Covid-19 teria o mesmo perfil de transmissão de outras gripes e com menor letalidade. Tal comparação mobiliza a memória histórica de outras pandemias causadas por vírus gripais, como a gripe espanhola, que dizimou mais de 20 milhões de pessoas em todo mundo. Segundo Nascimento (2020) a gripe espanhola também foi tratada na época como uma gripe comum, sendo que em 1918, a população mundial não dispunha de todo arsenal tecnológico e recursos da área de saúde como nos tempos atuais.

 

A gripe espanhola, por exemplo, que se pensou, de início, tratar-se de uma gripe comum, levou à morte muito mais de 20 milhões no mundo, e, no Rio de Janeiro, 15 mil pessoas. Vale ressaltar que, em 1918, não tínhamos o desenvolvimento científico e tecnológico, nem as instituições de saúde que temos hoje (NASCIMENTO, 2020, p.03)

 

Sobre as condições de produção desse discurso (SD1), lembramos que a notícia foi publicada no site oficial do Ministério da Saúde, em pronunciamento realizado pelo então ministro da Saúde, o médico Henrique Mandeta, que se tornou porta-voz da notícia do primeiro caso. Nessas condições, o discurso produz efeitos de legitimidade e minimização da gravidade do problema, mas também produz na população um efeito de insegurança e gera mais questionamentos do que respostas, instaurando também efeitos de desinformação e dúvidas quanto à adoção de medidas de prevenção à nova doença. 

Segundo Pêcheux [2014(1990) uma mesma declaração pode ser uma arma ou uma comédia, a depender da posição que o sujeito ocupa no momento da fala. Na SD1, o enunciador Mandeta, além de médico, assume a posição-sujeito de ministro do governo, e assim o discurso sofre efeitos dessa relação de forças, pois,

 

ele está bem ou mal, situado no interior da relação de forças existentes entre os elementos antagonistas de um campo político dado: o que diz, que anuncia, promete ou denuncia não tem o mesmo estatuto conforme o lugar que ele ocupa (PÊCHEUX, [1990] 2014, p.76)

 

Assim, o anúncio do primeiro caso da doença, inscrito na FD governista, com sentidos de minimização da gravidade da nova doença, continuará sendo metaforizado ao longo da notícia produzida pelo Ministério da Saúde e também em outros sites noticiosos como veremos na próxima SD.

 

SD2 - Notícia sobre o primeiro caso de covid-19 no site UOL

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Fonte: Site UOL[2]

 

Na materialidade coletada na página da UOL, que compõe a SD2, sobre o primeiro caso de Covid-19 registrado no Brasil, ao lado dos números da pandemia, destaca-se a fala do secretário de vigilância à saúde, do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber, que afirma, “a gravidade da doença está para leve ou moderada”. Nesta citação, filiada à formação discursiva governista, temos uma posição-sujeito que subestima a gravidade da doença e contraria a posição da Organização Mundial de Saúde (OMS), que já em sua primeira publicação sobre a nova doença, alerta para um vírus misterioso que está causando pneumonia na China (WHO, 2020).

 

Em 31 de dezembro de 2019, vários casos de pneumonia de etiologia desconhecida (causa desconhecida) detectados na cidade de Wuhan, província de Hubei, China, foram relatados ao escritório da OMS na China. Em 3 de janeiro de 2020, as autoridades nacionais da China notificaram à OMS que, no total, existem 44 pacientes com pneumonia de etiologia desconhecida (WHO, 05 de janeiro de 2020)

 

Ainda na SD2, esse efeito de amenização da doença, em funcionamento no discurso governista, se inscreve na comparação da Covid-19 a uma síndrome gripal próxima do padrão das ocorridas na década de 60. Tal efeito não condiz com os dados da própria reportagem que traz números da situação da doença em todo mundo, sendo que naquele momento já estavam notificados em todo planeta 80 mil casos, como veremos na próxima sequência discursiva (SD3).

 

SD3- Notícia sobre o primeiro caso de covid-19 no site UOL

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Fonte: site UOL[3]

 

Na SD3, constituída de trechos da publicação UOL sobre o primeiro caso confirmado de Covi-19 no Brasil, a posição-sujeito do discurso jornalístico é de alerta, não só pelo registro do primeiro caso da doença no país, mas também por ser este o primeiro caso confirmado na América Latina. Desse modo, o discurso jornalístico inscrito na SD2 produz efeito de estado de atenção para a doença que chegou ao Brasil oficialmente, por meio de um turista brasileiro vindo da Itália, pais que segundo o Ministério da Saúde, fazia parte do grupo de nações em alerta para o Coronavírus. Segundo a reportagem, até aquele dia, 11 italianos haviam morrido por Covid-19.

Entretanto, na publicação não há alusão ao fato de ter sido noticiado na Quarta-Feira de Cinzas[4], nem que o brasileiro que testou positivo para a Covid-19, chegou da Itália no dia 21 de fevereiro, sábado de carnaval; temos, assim, o silenciamento no discurso jornalístico, pois, não destacou o fato ocorrido no pós-carnaval, não há alusão à festa em todo corpo do texto. Tal silenciamento no discurso (SD2) é efeito dos interesses econômicos do portal UOL, que lucra com a publicidade vendida durante o carnaval. Ou seja, temos aqui as determinações do capital no discurso jornalístico.

Mas o carnaval passou, e a divulgação veio em massa. Muito além do que foi divulgado na primeira notícia sobre o primeiro caso, detalhando cor, raça, sexo, idade e origem da primeira pessoa acometida com a Covid-19, no discurso governista (site do Ministério da Saúde) e no discurso jornalístico (portais Uol e G1); todavia, a divulgação veio carregada de não ditos, pois em nenhuma das notícias publicadas foi citado que o dia 26 de fevereiro, era quarta-feira de cinza, ou até mesmo citação tipo “após carnaval...” o silenciamento do carnaval tinha o pretexto de produzir no leitor um efeito de esquecimento, daquilo que foi noticiado em outro site oficial do Governo Federal na página do Ministério do Turismo, cuja manchete declara o seguinte: “Carnaval brasileiro bate recorde de público em 2020- Festa popular movimentou milhões de pessoas e atraiu turistas de diversos estados e nacionalidades” (BRASIL, 2020), publicada no dia 28 de fevereiro de 2020. O levantamento diz que apenas em Olinda (PE), Recife (PE) e Salvador (BA) reuniram mais de 22,1 milhões de pessoas, os foliões por todo país, segundo dados da matéria, movimentaram cerca de R$ 8 bilhões de reais na economia brasileira, o maior valor desde 2015.

Vejamos o recorte da publicação na SD4:

SD4 – Recorte da publicação sobre o carnaval, com dados do Ministério do Turismo

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Fonte: site ABC do ABC[5]

A notícia foi veiculada em outros sites, a exemplo do que temos na SD4, uma publicação do dia 28 de fevereiro de 2020, com dados divulgados pelo Ministério do Turismo. Na publicação em pauta (SD4), o discurso jornalístico funciona em aliança à FD governista, já que reproduz na íntegra o discurso do carnaval de recorde, discursivizado como altamente positivo. Assim, a ameaça da Covid-19 é silenciada no discurso, pois não traz nenhuma informação sobre a doença ou sobre medidas de proteção quanto ao vírus, nas publicações feitas no período de carnaval.

Dessa forma, no discurso inscrito nas publicações apresentadas (SD1, SD2, SD3 e SD4) não há nem um link entre o carnaval do ano de 2020 e a Covid-19; tal silenciamento produz efeitos de que esses dois eventos ocorreram em tempos e lugares distintos, quando, na verdade a data é a mesma para os dois acontecimentos, carnaval e primeiro caso de Covid-19 confirmado no Brasil. Logo, é possível afirmar que o discurso governista e o discurso jornalístico estão alinhados aos interesses lucrativos que o carnaval gera para economia do Brasil; isso pode ser verificado na fala do então ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio no trecho da SD4: “A cada ano que passa temos mais pessoas aproveitando essa festa tão popular e democrática e que está completamente ligada ao nosso setor, criando emprego e renda para milhares de pessoas”. Esse posicionamento é efeito das determinações ligada ao turismo, são brasileiros de norte ao sul do país que se divertem e do discurso econômico, em que o capital está acima da vida. É uma memória que se atualiza no discurso e vai ganhando efeito de regularização, visto que, no Brasil, o descaso com a saúde e com vidas já é bem conhecido, a exemplo do trabalho de Oliveira (2020).

Mas o sentido sempre escapa nos furos da rede. Orlandi (2015) dirá que do outro lado, a resistência contrapõe e traz à tona aquilo que não foi dito. Assim, se temos de um lado, o discurso da omissão, que propositadamente, tentou apagar a gravidade da Covid-19, em favor dos interesses financeiros que envolvem o carnaval, temos os contradiscursos como veremos no próximo recorte de SDs (SD5, SD6, SD7), nos comentários das notícias do UOL e G1.

 

 

SD5- print de comentários da publicação do site UOL

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Fonte: Site UOL[6]

 

O fato da primeira confirmação da doença ter vindo à tona, na Quarta-Feira de Cinzas, não foi totalmente esquecido pelos leitores das publicações. Na SD5 há uma regularidade discursiva no discurso, pois os leitores da matéria do site o UOL, publicada em 26 de fevereiro de 2020, assumem a posição sujeito de denunciante, quando questionam o fato de o primeiro caso ser confirmado após o carnaval, exatamente no dia da Quarta-Feira de Cinzas: “Não quero acreditar que o MS esperou o carnaval passar para anunciar o primeiro caso” e “agora vão divulgar, o carnaval já passou” (Comentário 1 da SD5).  O discurso inscrito nos comentários dos leitores confronta os discursos jornalístico e governista quanto ao carnaval, funciona com efeito de perplexidade e desconfiança, frente à coincidência dos fatos e ao silenciamento, aos ditos não divulgados nas notícias.

Teria o primeiro caso sido confirmado realmente naquela data, não teria ocorrido antes do carnaval e as autoridades esconderam?  Segundo Pêcheux (1983) para entender essa relação, não cabe apenas analisar o dito, mas também o que não foi dito. Para o autor, na leitura discursiva, temos de multiplicar as relações do que é dito assim, dito aqui e não de outro jeito, “a fim de se colocar em posição de ‘entender’ a presença de não-ditos no interior do que é dito” (PÊCHEUX, [1983] 2015, p.44).

Observamos na SD5, o discurso do leitor inscrito no comentário 2: “primeiro vem a grana, depois vem a saúde”, aqui uma referência à lucratividade das festas de carnaval no Brasil, portanto, o discurso dos leitores instaura o equívoco, ao questionar o silenciamento do discurso governista e jornalístico, frente a um grave problema de saúde pública, tendo em vista os interesses econômicos que envolvem a festa carnavalesca, a qual tomou conta do Brasil na véspera da confirmação do primeiro caso.

Uma infeliz coincidência, uma estratégia de apagamento para não atrapalhar o carnaval, fonte lucrativa de muitos empresários do Brasil. Na SD5 o leitor ocupa posição-sujeito de denunciante no discurso, e confronta os sentidos impostos pelas FDs governista e jornalística, subordinadas à formação ideológica neoliberalista. Desse modo, o interesse econômico prevaleceu e fez cair por terra o que Sodré (2009) chamou de mito da transparência discursiva ou ideológica da imprensa, diz o autor:

 

A imprensa passou a oscilar continuamente entre os seus interesses empresariais – dificilmente isentos de tentações da manipulação e da corrupção política – e os fatos relativos à realidade sociopolítica de seu público, sempre cercada pela mística de defesa incondicional dos direitos da cidadania regional e mundial. A busca de uma transparência discursiva ou ideológica, mas apoiada nas opacidades de seu próprio mito, é a ambivalência constitutiva do jornalismo (SODRÉ, 2009, p.13)

 

Nas SD5, temos, portanto, um embate discursivo entre os sentidos que defendem os interesses da economia em detrimento às questões da saúde, uma memória que se atualiza nos discursos governista e da mídia jornalística, acerca da pandemia Covid-19 no Brasil, com sentidos parafrásticos. Segundo Sodrine (2020) os efeitos desse dito economia x saúde constitui-se em um falso dilema que parafraseia “salvar vida ou a economia”, um jogo de palavras, pois, para o autor, não há dilema. “Se as pessoas não forem salvas, a catástrofe na economia será inevitável” (SODRINE, 2020).

Esse embate discursivo também funciona nas formulações dos comentários da SD6, a seguir.

 

SD6 – print de comentários da publicação do site UOL

Fonte: site G1[7]

Na SD6 temos um print de um recorte dos comentários da publicação do portal G1, no dia 26 de agosto de 2020, sobre os primeiros seis meses, após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil. Nesses comentários (C1 e C2) dos leitores também circulou os discursos e contradiscursos concernentes à lucratividade do carnaval e as questões da pandemia. Ou seja, seis meses depois, os leitores ainda questionavam o fato de o primeiro caso ser divulgado logo após o carnaval, atualizando o já dito “economia x saúde”, que também pode ser parafraseado pelas formulações “vida x economia”, “saúde x emprego”, a exemplo do trecho do Comentário 1 da SD6: “1º caso em 26/02/2020, em pleno carnaval, onde para a globo o que interessava era a festa carnavalesca”. O comentário está inserido ao final da reportagem que traz dados dos primeiros seis meses da pandemia, segundo a qual, até aquela data, 26 de agosto de 2020, já teria atingido mais de três milhões de pessoas e matado mais de 116 mil pessoas no Brasil.

Na SD6, a repetibilidade no discurso dos comentários C1 e C2 sobre a realização do carnaval em 2020, tendo em vista a possibilidade do vírus se espelhar no Brasil, faz funcionar a memória do acontecimento do primeiro caso de Covid-19 em pleno carnaval, essa memória discursiva segundo Pêcheux ([1984] 2015) vem reestabelecer os implícitos sob a forma de retomadas, remissões e de efeitos de paráfrase, “o acontecimento, no caso, desloca e desregula os implícitos associados ao sistema de regularização anterior” (PÊCHEUX, ([1984] 2015, p. 46).

Na SD6, outro leitor responde e questiona o comentário anterior no trecho do Comentário 2: “Não foi em ‘Pleno Carnaval’. Foi no último dia de carnaval”. Esta formulação materializa o discurso da defesa da folia, com efeitos de silenciamento de sentidos da chegada do vírus ao Brasil e a ameaça que a festa representava, naquele momento, tendo em vista a aglomeração de pessoas que certamente iria espalhar o novo Coronavírus pelo país. Ou seja, temos duas distintas posições-sujeito na SD6, uma de anuência ao discurso jornalístico, no Comentário 1 (C1), e outra posição-sujeito, no Comentário 2 (C2), que instaura a equivocidade e o deslizamento de sentidos, pois denuncia e interroga os sentidos dominantes na mídia, e contesta a memória que coloca os interesses econômicos acima da saúde e da vida humana.

Os ecos do acontecimento discursivo da pandemia seguem em embates nas mídias digitais, como veremos também na SD7.

 

SD7- print de comentários da publicação do site G1

Fonte: Site G1[8]

 

No Comentário 1 (C1), temos a seguinte formulação: “O primeiro caso foi antes do Carnaval e nada foi feito. Tem que incriminar os governadores e prefeitos responsáveis, ou irresponsáveis” (SD7). Aqui, no discurso inscrito no comentário (C1), temos também o funcionamento do efeito de denúncia ao descaso dos chefes de cidades e estados pela situação da Covid-19, que se agravou no Brasil, em virtude do carnaval. Neste comentário, o leitor ocupa uma posição-sujeito de denúncia e punição aos governantes, por não terem feito nada para impedir a circulação e alastramento do vírus.

Já no segundo comentário (SD7), o leitor assume a posição-sujeito de contestação ao comentário anterior e o desafia, “Fonte? Mostra uma notícia só, de qualquer site, DATADA de antes do carnaval, falando que havia caso confirmado de covid no Brasil” (C2); aqui o discurso reafirma que não houve notícia da mídia com a divulgação do primeiro caso, porém não questiona esse silenciamento, justamente o que é feito no discurso do C1. Todavia, a data de confirmação se deu no dia 26 de fevereiro, conforme registro pelo Ministério da Saúde, mas naquele momento o vírus já se alastrava pelo mundo e já atingia mais de 80 mil pessoas, segundo relatório número 37 da OMS, divulgado na mesma data (WHO, 2020). Logo, o discurso governista e midiático produz efeito de perfeita transparência, mas como argumenta Pêcheux, é profundamente opaco e equívoco. Conforme o autor:

 

Nesse espaço de necessidade equivocas, misturando coisas e pessoas, processos técnicos e decisões morais, modo de emprego e escolhas políticas, toda conversa (desde um simples pedido de informação até a discussão, o debate o confronto) é suscetível de colocar em jogo uma bipolarização lógica das proposições enunciáveis – com de vez em quando, o sentimento insidioso de uma simplificação unívoca, eventualmente mortal para si mesmo e/ou para os outros” (PÊCHEUX, [1983] 2015, p.33-34)

 

A equivocidade nos leva a questionar a omissão dos estados e municípios no controle da movimentação de brasileiros e a chegada de estrangeiros ao país, durante a festa de maior aglomeração de pessoas do Brasil, já que o carnaval atrai muitos turistas de outros países.

O espaço digital pode dar voz aos sentidos não ditos, ou seja, “a territorialização do espaço virtual se constitui para dar visibilidade e luminosidade aos sentidos apagados por efeitos ideológicos, isso é um gesto de resistência” (OLIVEIRA, 2020, p.93). Dessa forma, o discurso inscrito no comentário do leitor ressalta a questão do interesse capitalista, que buscava o lucro gerado pela festa em todo Brasil, neste caso, a formação ideológica neoliberal determinando os sentidos dos discursos governista e jornalístico, acerca da discursivização do primeiro caso da Covid-19 no Brasil. Esse silenciamento de sentidos é efeito dos interesses capitalistas, como aponta Silva-Sobrinho (2016), em uma imbricação dos interesses do capital, posições e lutas de classe: “Desse modo, os sujeitos históricos e seus discursos estão entrelaçados na dinâmica das relações de base material, na qual os interesses de classe em jogo atravessam e regem, em sua contraditoriedade, os ditos e os silêncios” (SILVA-SOBRINHO, 2016, p.93)

Segundo Orlandi (2015) o silêncio é significativo; no discurso em análise nas SDs mostradas, o silêncio significa. Já na seção de comentários dos leitores, temos a materialidade de sentidos não ditos no discurso governista e jornalístico; este, pelo efeito da transparência, funciona com efeitos de liberdade de expressão como horizonte a ser seguido, porém, continuam atrelados ao mercado que financia a sua máquina de produção de notícias. Sodré (2009) dirá que é uma presunção do discurso informativo a tentativa de seguir só as diretrizes do pragmatismo e do mercantilismo. Já a lucratividade do carnaval interessa a toda classe empresarial que participa da festa, como também à imprensa, que silencia as informações que podem contrariar os interesses econômicos. E assim desrespeita-se o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, que, em seu parágrafo segundo, incisos um I e II descreve:

 

I - a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica - se pública, estatal ou privada - e da linha política de seus proprietários e/ou diretores.

II - a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público; (FENAJ, 2007)

 

Assim, nas SD5, SD6 e SD7, que materializa o discurso dos comentários dos leitores sobre o carnaval e a notícia do primeiro caso da Covid-19, temos um embate entre o discurso do leitor que contesta o discurso jornalístico, como também um embate discursivo entre os próprios comentários, com posicionamentos favoráveis e contrários ao discurso governista e jornalístico, que defende os interesses neoliberais da economia, em detrimento da saúde e da vida. 

Na metaforização, temos o discurso parafrástico que funciona na retomada do discurso governista e jornalístico - que silencia a ameaça da festa frente à contaminação das pessoas pelo novo coronavírus; mas também temos a equivocidade, com o discurso da denúncia pela omissão e silenciamento midiático.

 

Primeiros efeitos de conclusão

As materialidades discursivas analisadas neste estudo constituem a pré-figuração do acontecimento discursivo da pandemia Covid-19 em circulação nas mídias digitais. Segundo Pêcheux antes do acontecimento discursivo, dá-se a sua prefiguração, com forma e figura, “na esperança de apressar sua vinda ou de impedi-la” (PÊCHEUX, [1983] 2015, p.20); no caso do acontecimento discursivo da pandemia Covi-19 no Brasil, instaurou-se uma metaforização das discursividades em circulação na mídia digital, acerca dos cuidados, medidas sanitárias, notícias sobre os primeiros casos pelo mundo, sobre o primeiro caso brasileiro, a primeira morte, além de outras.

Essa intensa gama de informações em circulação formou o que a OMS chamou de infordemia (PAHO, 2020), uma outra doença resultante da pandemia. Podemos então dizer que passou a funcionar o discurso da infodemia, com um jogo metafórico de discursividades em confrontos parafrásticos e polissêmicos - atravessados por efeitos do discurso digital – logo, uma infodemia digital, com disputas de sentidos entre o discurso governista, do Ministério da Saúde, o discurso jornalístico e o discurso do senso comum, sob determinações da formação ideológica neoliberalista, que defende os interesses econômicos do capital.

As análises mostram, portanto, que as formulações sobre a pandemia que dominam as mídias digitais são discursos “logicamente estabilizados” (PÊCHEUX, [1983] 2015), produzem efeitos de transparência e de homogeneidade lógica, mas o discurso é atravessado por uma série de equívocos, que remete à opacidade da língua; assim, buscamos desmitificar este efeito de estabilização lógica dos sentidos, pela busca da equivocidade no discurso sobre a pandemia da Covid-19.

A trama discursiva da pandemia e do carnaval funciona em disputas de sentidos, com argumentos bem transparentes, em defesa pela realização da festa com uma posição-sujeito de silenciamento de sentidos. Mas a opacidade funciona no discurso dos leitores, inscrito nos comentários, com uma posição-sujeito denunciante, com efeito de dúvidas, descrédito quanto ao discurso oficial do MS e da mídia jornalística, pelo silenciamento do carnaval no texto de divulgação do primeiro caso.

Portanto, os muitos ditos divulgados sobre o mesmo assunto, não têm o mesmo significado, daí temos a metaforização e a opacidade, em meio ao confronto discursivo no acontecimento, pela “circulação-confronto” de formulações, que será repetida infinitamente em todos os noticiários e redes sociais, “repetido sem fim como um eco esgotável, apegado ao acontecimento” (PÊCHEUX,[1983] 2015, p.21). Com base no pensamento do autor, podemos dizer que a pandemia instaurou um eco digital inesgotável nas mídias, um espaço que também é uma arena discursiva, que segundo Cortes (2015) é constituída de conflitos de interesses, “que também prende e exerce controle, é aberto, mas também pode ser fechado” (CORTES, 2015, p.28).

 

Referências

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Data de Recebimento: 08/05/2023
Data de Aprovação: 27/07/2023

 

[1]Disponivel em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2020/fevereiro/brasil-confirma-primeiro-caso-de-novo-coronavirus . Acesso em 06 de outubro de 2021. Obs. Destaque em vermelho realizado durante o print da publicação.

[2] Disponível  em:https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/02/26/ministerio-da-saude-coronavirus-brasil-primeiro-caso-contraprova.htm. Acesso em: 06 de outu.2021

[3] Disponível em:  https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/02/26/ministerio-da-saude-coronavirus-brasil-primeiro-caso-contraprova.htm. Acesso em: 06 de outu.2021

[4] Data da religião católica, que acontece sempre um dia após o carnaval.

[5]  Disponível em: https://www.abcdoabc.com.br/abc/noticia/carnaval-2020-marcado-por-recordes-97798. Acesso em 18 de julho 2022

[6] Disponível em: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/02/26/ministerio-da-saude-coronavirus-brasil-primeiro-caso-contraprova.htm. Acesso em: 06 de outu.2021

[7] Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/26/primeiro-caso-confirmado-de-covid-19-no-brasil-ocorreu-em-sp-e-completa-seis-meses-nesta-quarta.ghtml.   Acesso em: 18 de novembro de 2021

[8] Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/26/primeiro-caso-confirmado-de-covid-19-no-brasil-ocorreu-em-sp-e-completa-seis-meses-nesta-quarta.ghtml.   Acesso em: 18 de novembro de 2021