Uma rampa e uma faixa: Da produção de sentidos sobre a pessoa com deficiência na posse presidencial


resumo resumo

Jéssica Thiana Vilarinda Borges
Maraisa Lopes



Formulações Iniciais

“Faz parte dos discursos, que se pretendem engajados nas questões sociais, pronunciarem-se sobre igualdade, diferença, culturas, minorias” (Orlandi, 2014, p.29). Mesmo com a Lei n° 13.146/2015, que garante a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade, há uma série de obstáculos que influenciam a permanência desses sujeitos nos mais diversos espaços, já que estes precisam ser pensados e planejados para esse público, com acessibilidade para promover sua autonomia, ofertando-lhes uma educação de qualidade a partir da qual possam participar ativamente das atividades e desenvolvê-las, além de permitir iguais condições para a participação em questões do âmbito social, tais quais as políticas públicas e as partidárias.

As pessoas com deficiência ainda enfrentam uma luta contínua por seus direitos. Apesar da existência de leis que garantem sua inclusão e proteção, certas ações governamentais acabam, direta ou indiretamente, reforçando a segregação desses indivíduos. Num passado recente, em três de janeiro de 2019, a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) foi extinta pelo governo à época. Extinguiram-se também os cargos de tradutor-intérprete, por meio do Decreto nº 10.185, de 20 de dezembro de 2019. Além de se incentivar, por meio do Decreto n° 10.502/2020, cuja proposta era a de construir escolas especiais direcionadas para as pessoas com deficiência, havendo a separação de pessoas com e sem deficiência em diferentes ambientes escolares, “na contramão de todo um esforço nacional que é feito há 20 anos no Brasil para garantir o direito de crianças com deficiência à inclusão. A gente precisa que as crianças e adolescentes sejam incluídos em todos os ambientes, especialmente as escolas" (BCC News, 2021).

Por muito tempo, batalhas vêm sendo travadas para (re)significar formulações que são impostas às pessoas com deficiência, tais como o de que não conseguem aprender estando em salas regulares ou que atrapalham as aulas e os demais alunos, ou ainda a de que não podem estar em determinados lugares por conta de suas “limitações”.

Há de se apontar que o desrespeito e a falta de interesse para melhorar as políticas públicas relativas às pessoas com deficiência estiveram muito presentes durante o governo anterior, liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Platini (2021) afirma que “Bolsonaro tentou pelo menos quatro vezes flexibilizar a lei de cotas para as pessoas com deficiência”, lei que assegura a entrada desses sujeitos em diversos espaços; assim como vetou o projeto de Lei n° 1361/2015, que garantiria direitos às pessoas com surdez total em apenas um dos ouvidos, conhecida como deficiência auditiva unilateral.

Chegada a eleição presidencial em 2022, um novo presidente foi eleito. A posse do novo presidente ocorrera em 01 de janeiro de 2023, trazendo consigo uma gama de sentidos a serem compreendidos. A transmissão da faixa presidencial é um evento de grande relevância para a nação, muitas mídias a tomam como foco de publicações. A última dessas cerimônias foi marcada pela ausência do presidente anterior e acabou cedendo espaço para um grupo de pessoas que representaram a sociedade brasileira nesse momento solene.

Um grupo de oito pessoas, composto por um estudante, uma catadora de lixo, um indígena, um metalúrgico, um professor, uma cozinheira, uma pessoa com deficiência e um artesão, subiu a rampa ao lado do presidente. Dentre essas pessoas, como dissemos, havia uma pessoa com deficiência e essa abertura nos parece demandar a compreensão sobre a (res)significação da posição que a pessoa com deficiência pode/deve ocupar.

Compreendemos, a partir de nosso lugar de analistas de discursos, que a participação desse sujeito com deficiência na transmissão da faixa presencial visibiliza a existência do corpo com deficiência, enquanto sujeito de direitos e deveres (e de língua) em nossa sociedade. Considerando essa ocorrência disruptivo, parece-nos ser importante compreender que efeitos de sentidos são produzidos sobre a pessoa com deficiência em publicações midiáticas que tomem como foco a transmissão da faixa presidencial.

Para tal, acreditamos que uma leitura menos superficial, com base na Análise de Discurso Materialista, torna possível: compreendermos as condições de produção e as memórias discursivas que são retomadas por esse acontecimento; observarmos a partir de que formações discursivas são formuladas as publicações midiáticas sobre a questão focalizada; e analisarmos o modo como o sujeito com deficiência é significado/nomeado nas publicações em análise.

 

Da constituição do arquivo

Para viabilizar nosso trabalho, buscamos constituir nosso arquivo a partir de notícias e outros tipos de publicações que circularam na mídia, sobre a pessoa com deficiência, a partir do acontecimento relativo à transmissão da faixa presidencial ao presidente Lula. A constituição de nosso dispositivo teórico-analítico se dá a partir das idas e vindas entre o material, a análise e a teoria.

Dias (2015) fala a respeito de trabalhos que estão sendo desenvolvidos na AD voltados para o digital, ou seja, a Análise de Discurso Digital, cuja constituição do corpus é feita a partir da internet ou até outros meios que estão ligadas a ela, o que se aplica ao nosso trabalho. Dias (2015) traz em seu texto “Análise do discurso digital: sobre o arquivo e a constituição do corpus”, uma perspectiva de Paveau (2014), quando ela trata do discurso digital produzido na internet, destacando algumas questões para as quais precisamos atentar, tais como: temporalidade, instabilidade do arquivo, dimensões e heterogeneidade do arquivo, autoria e leitura dispersiva, dado que um material na internet pode estar sujeito a mudanças/edições, além de trabalhar com a memória discursiva, o equívoco.

Nossa busca por materiais de análise abrangeu o Instagram, Twitter, vídeos do YouTube (jornais), revistas e jornais digitais/blogs. Esse processo foi realizado em etapas. Inicialmente, para identificar textos publicados na internet, especialmente no Google, utilizamos as palavras-chave: “subida da rampa presidencial”, “posse do presidente Lula” e “transição da faixa”. O grande volume de resultados exigiu um primeiro recorte, direcionando nossa análise apenas para materiais que mencionassem a pessoa com deficiência, foco central deste estudo.

Em um segundo momento, voltamos nossa atenção às redes sociais. No Twitter, realizamos buscas com termos como “pessoa com deficiência”, “estropiado” e “subida rampa”. Vale destacar que, nessa plataforma, a “eficácia” da pesquisa está diretamente relacionada ao uso de palavras-chave que estejam sendo amplamente discutidas e comentadas no momento da busca. Dias (2015) nos alerta que:

 

Ora, é fato que o funcionamento dos discursos, com a internet e o próprio trabalho com o arquivo, precisa levar em conta as condições de produção da internet e, como venho dizendo, a discursividade da rede de sentidos, que não escapa à injunção do digital e dos modos de existência dos sujeitos e de produção dos sentidos na sociedade digital (Dias, 2015, p.9).

 

É preciso ter um olhar mais detido para as formas e o local de pesquisa em que buscamos nossos materiais. Em cada rede, faz-se necessário adotar procedimentos específicos para a busca pelo arquivo, pois isso impacta diretamente os resultados que nos são mostrados.

Na terceira etapa, realizamos a busca no YouTube. As palavras-chaves foram “posse presidencial”, “presidente Lula” e “subida da rampa”. Fomos remetidos a alguns canais do YouTube que transmitiram a posse presidencial ao vivo. Selecionamos os vídeos que seriam analisados, especificamente nos atendo aos que tinham como título a posse presidencial ou algo que remetesse à cerimônia. Em seguida, refinamos a seleção, considerando apenas aqueles que citavam a pessoa com deficiência. Após assistir aos três vídeos, fizemos as transcrições dos trechos que mencionavam a pessoa com deficiência. Feito esse movimento, os vídeos " Lula sabe a rampa do Palácio do Planalto ao lado de pessoas que simbolizam a diversidade do país", postado no canal da Record TV; "Catadora entrega a faixa a presidencial a Lula | CNN NA POSSE", transmitido no canal CNN Brasil; e " Lula leva cachorra Resistência ao subir rampa do Planalto", publicado no canal da Rádio BandNews FM, foram selecionados para compor nosso arquivo.

Na quarta etapa de seleção do material, voltamos nossa atenção ao Instagram. Diferentemente das buscas realizadas no Google, Twitter e YouTube, não utilizamos palavras-chave. Em vez disso, capturamos por meio de prints as postagens de influenciadores e páginas de notícias que mencionavam a posse presidencial e faziam referência à pessoa com deficiência. Essa seleção foi feita com base no conteúdo que apareceu em nosso feed, considerando apenas perfis e contas públicas.

Constituído nosso arquivo, mobilizamos conceitos como o de condições de produção, memória discursiva, formação discursiva e nomeação e lançamo-nos à análise.

 

Do movimento analítico

Para início das análises, é essencial apresentarmos as condições de produção, pensadas em seu sentido estrito e em sentido lato, compreendendo as circunstâncias da enunciação, o aqui e o agora do dizer, o contexto imediato, além de remontar ao contexto sócio-histórico, ideológico, mais amplo (Orlandi, 2015).

Na eleição de 2022, um novo presidente foi eleito e, como de costume, é feita uma cerimônia de posse. A cerimônia ocorreu dia 01 de janeiro de 2023, momento em que o ex-presidente Jair Bolsonaro faria a transferência da faixa presidencial, mas este acabou rompendo com a tradição, viajando ao exterior e não regressando para participar da cerimônia. Assim o fizera também o ex-vice presidente, Hamilton Mourão.

Esse acontecimento remonta a uma memória discursiva, um “saber discursivo que torna possível todo dizer e que retorna sob a forma do pré-construído, o já-dito que está na base do dizível, sustentando cada tomada da palavra” (Orlandi, 2015, p.30), ressignificando e atualizando o momento em que José Sarney não recebeu a faixa presidencial de seu antecessor João Figueiredo, o qual se recusou a participar da cerimônia, assim como Jair Bolsonaro.

Se pensarmos na posse atual, veremos a atualização da memória, pois Lula e sua esposa organizaram uma cerimônia em que fora dado espaço para um grupo de oito pessoas (um estudante, uma catadora de lixo, um indígena, um metalúrgico, um professor, uma cozinheira, uma pessoa com deficiência e um artesão) subir a rampa ao lado do presidente, transferindo-lhe a faixa a posteriori e assim a cerimônia de posse fora validada.

 

Figura 1: Luiz Inácio Lula da Silva chegando ao Palácio do Planalto com grupo de civis

Fonte: G1 (2023)

 

 

Como dissemos acima, a atualização desse momento de transferência da faixa presencial é feita a partir da participação de um grupo de pessoas, representantes de minorias em nosso país, o que acaba por produzir o efeito de que este seria um governo que está aberto à inclusão das minorias, que pretende dar espaço e visibilidade a pessoas que normalmente acabam sofrendo preconceitos em nossa sociedade. Trata-se de uma construção de um momento em que há a representatividade do povo brasileiro em sua diversidade. Esse movimento instaura uma possibilidade de significação para a participação desses sujeitos em discussões do governo, já que o governo anterior negligenciou as minorias e políticas públicas específicas para estes grupos não foram criadas.

Ao se dar o poder de transferir a faixa presidencial a uma mulher negra, catadora de lixo, rompe-se com o imaginário que circula socialmente sobre a posse ser uma cerimônia cujos atos só caberiam àqueles que estão investidos de poder, tal qual um ex-presidente que seria o responsável por tal transmissão, como vemos nas Figuras 2 e 3, Temer transferindo a faixa para Bolsonaro e Dilma tendo recebido a faixa de Lula, respectivamente.

Fonte: Mellis (2019).

Figura 2: Bolsonaro recebe a faixa presidencial de Michel Temer

Fonte: Folha de S. Paulo (2015). Figura 3: Posse presidencial da Dilma e Temer

 

Ainda sobre a transmissão da faixa, observamos na Figura 4, que após passar pelas mãos de todos os integrantes do grupo, Aline Sousa coloca a faixa no presidente. Ver uma mulher, negra, catadora, mãe e tantas outras características, ocupando esse espaço, permite-nos observar que este pode ser considerado um acontecimento discursivo3, porque a partir dessa posse presidencial outros sentidos poderão ser formulados, novas significações tornam-se possíveis.

 

Figura 4: Momento da transferência da faixa presidencial

Fonte: Bimbati (2023).

 

 

Além da entrega da faixa por um membro da sociedade, cabe-nos destacar que uma das mãos que repassa a faixa é de uma pessoa com deficiência. Dito isso, e como já expresso ao longo de nosso trabalho, passamos a compreender como se dão as produções de sentidos acerca da pessoa com deficiência a partir de publicações midiáticas que trataram da transferência da faixa presidencial para o novo presidente.

Para esse movimento analítico, selecionamos formulações que circularam em alguns jornais e rádios, conforme o Quadro 1:

 

Quadro 1: Recorte das formulações analisadas

CNN Brasil

“pessoa que representa os portadores de deficiência” (transcrição nossa)

Fonte: Brasil (2023)

RadioBandnewsFM

 

1ª enunciado: “ Eu vejo também um portador de necessidades especiais também”.

2º enunciado: “Deficiente físico”

3ª enunciado: “Pessoa com deficiencia” (transcrição nossa)

Fonte: FM (2023)

UOL

“(...) Um influencer da comunidade PCD, (...)”

Fonte: Aleixo e Mutchnik (2023)

G1

“(...) um influencer com paralisia cerebral e uma criança.”

Fonte: G1 (2023)

G1

“Influencer potiguar descobriu que passaria faixa presidencial para Lula 40 minutos antes de subir a rampa: ‘grande emoção’”.

Fonte: G1 (2023)

Agência Brasil

“o influenciador da inclusão Ivan Vitor Dantas Pereira”.

Fonte: Verdélio e Richter (2023)

 

Observamos que, ainda que produzam sentidos diferentes, os enunciados acima nos parecem se inscrever em uma formação discursiva4 que enuncia favoravelmente à inclusão, pois denominam a pessoa com deficiência por termos que circulam socialmente, muito embora utilizem formulações como “portador de”, um modo de se referir ao sujeito com deficiência que já caiu em desuso. Devemos ressaltar o fato de que há muito tempo a deficiência vem sendo significada como uma barreira para muitas pessoas no meio social, fazendo com que essas pessoas tenham de lutar para ocupar seus espaços, sejam eles nas escolas, nas universidades, no trabalho, no meio político e em tantos outros ambientes. Ter um governo que em sua posse traz uma pessoa com deficiência faz com que se instaure um lugar do possível para se dizer sobre esses sujeitos e quiçá que circulem os discursos próprios a essas pessoas.

A UOL, por sua vez, se refere à pessoa com deficiência pertencente ao grupo que transmitiu a faixa presidencial, Ivan Baron, como “um influencer da comunidade PcD”, enfatizando sua profissão, o que nos parece, de certo modo, atender a um discurso capitalista que significa os sujeitos pela sua força de trabalho. Na mesma esteira, o G1 enuncia “um influencer com paralisia cerebral”, significando além da profissão, o tipo de deficiência. Ainda com o G1, em outro momento, Ivan é dito como o “influencer potiguar”, ressaltando-se a profissão e apagando-se o traço da deficiência.

No caso do jornal Agência Brasil, ao dizer “um influencer da inclusão Ivan Vitor Dantas Pereira”, nota-se uma especificação. Indica-se a profissão, a área de atuação e nomes e sobrenomes, não é qualquer influencer, trata-se de um em específico. Num movimento contrário, podemos mencionar os enunciados proferidos pelo jornal CNN Brasil (“pessoa que representa os portadores de deficiência”) e pelo RadioBandnewsFM (“Eu vejo também um portador de necessidades especiais também”; “Deficiente físico” ; “Pessoa com deficiencia”), que apagam a especificidade e caminham para uma generalização, muitas vezes tentando se valer de formulações como “portador de necessidades especiais” para evitar o termo deficiência ou deficiente.

Sobre “portadores de deficiência” ou “portadores de necessidades especiais”, deve-se observar que não se porta uma deficiência, não se trata de um objeto que pode ser tirado e colocado no momento em que lhe é conveniente. É preciso afirmar que, no entanto, este já foi o termo indicado pela lei para nomear os sujeitos com deficiência. Se fizermos um repasso histórico, perceberemos que o termo para se referir à pessoa com deficiência foi sendo alterado ao longo do tempo. De acordo com Sassaki (2003), a Constituição Brasileira de 1988 indicava a nomeação “pessoa portadora de deficiência”; na década de 90, alterou-se para “pessoas com necessidades especiais” e, em 2019, passou-se a utilizar “pessoa com deficiência”.

Segundo o Manual de Redação da Folha de S.Paulo5 (2021), não se pode utilizar formulações como “portador de deficiência” ou “portadores de necessidades especiais” para se referir à pessoa com deficiência, sendo necessário o uso do termo adequado – pessoa com deficiência. Essa tentativa de amenizar o dizer sobre o sujeito com deficiência nos faz pensar sobre o politicamente correto/linguisticamente correto, tal qual discutido por Orlandi (2017). Há uma preocupação com o modo de nomear a pessoa com deficiência para que linguisticamente a formulação soe bem, muito embora essas “formas corretas” de nomear possam aparecer em meio à produção de sentidos negativos com relação à pessoa com deficiência.

Costa (2012, p.135) discute que “ao se denominar um espaço ou um sujeito, aquele que dá nome se posiciona discursivamente em relação a ambos na produção de significação, inscrevendo-se em uma ou outra formação discursiva, apagando um ou outro sentido”. E essa denominação é considerada como uma marca na construção discursiva do referente no processo de significação (Orlandi, 2017), pois é a partir do nomear que um sentido é construído.

Nos recortes abaixo (Quadro 2), vemos funcionar essa busca por uma nomeação que se enquandre no politicamente/linguisticamente correto:

 

Quadro 2: Recortes de publicações falando sobre a pessoa com deficiência

Folha de S.Paulo

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu a faixa presidencial do “povo brasileiro”, (...) e de uma pessoa com deficiência”.

Fonte: Folha de S.Paulo (2023)

SBT

“Uma pessoa com deficiência” (transcrição nossa)

Fonte: News (2023)

Sindibancários

“Pôs a faixa em Lula, que antes passou pelas mãos de Ivan Baron, pessoas com deficiência e militante na luta anticapacitista”.

Fonte: Sindibancários (2023)

 

Ainda que Manuais como o da Folha possam constituir uma memória de língua para jornalistas, dizendo o que pode e deve ser dito, vemos que há rupturas com relação a esse dizer. Entretanto, embora se coloque como politicamente correto enunciar favoravelmente à inclusão e usar termos linguisticamente corretos para falar sobre as pessoas com deficiência, vemos uma publicação feita pelo Estado de Minas inscrever-se numa posição discursiva diferente (Figura 05).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 5: Texto de Anna Marina sobre a posse presidencial

Fonte: Baron (2023).

 

Anna Marina fez uma publicação, em sua coluna no Estado de Minas, no dia 04 de janeiro de 2023, sobre a subida da rampa presidencial, expressando sua indignação e repúdio ao fato de um grupo de pessoas terem subido e entregado a faixa presidencial. Segundo ela, “podemos ter índios, pretos e estropiados compondo nosso povo, mas colocar essa seleção na cara da nação me pareceu uma forçada de mão. E essa gente responsável por representar o novo poder que o presidente devia receber me causou uma péssima impressão”. Nessa formulação, quando se refere à pessoa com deficiência, Anna Marina utiliza-se da palavra “estropiado”.

Segundo o dicionário Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa (2015), o significado da palavra estropiado é:

Figura 6: Significado da palavra estropiado

 

 

 

 

 

Fonte: Michaelis (2015).

Ao utilizar-se da nomeação “estropiado”, a jornalista retoma os sentidos de uma pessoa que sofreu amputação, que é aleijada, mutilada, alguém incapacitado, produzindo como efeito a compreensão de que pessoas com deficiência são incompletas e precisam ser “consertadas” para fazerem parte do grupo das pessoas “normais”, das não-estropiadas. Assim, nota-se que a jornalista enuncia de um lugar que diz não à possibilidade de visibilidade para o grupo de pessoas com deficiência, remontando a memórias de tempos antigos em que sujeitos com deficiência não podiam participar de quase nada, não tinham, inclusive, o direito de serem cidadãos brasileiros, sendo muitas vezes abandonados à própria sorte para morrem. Chama-nos a atenção como em tempos como os atuais ainda há pessoas e instituições que enunciam contrariamente à inclusão e ao governo por fazê-la (ou ao menos tentar fazê-la). Deve-se destacar que o jornal Estado de Minas, após a repercussão negativa, apagou o texto de Anna Marina.

Há, por outro lado, postagens que se colocam contrárias a essa visão negativa com relação à inclusão, marcando seu distanciamento com relação à posição determinada pela publicação do Estado de Minas, como vemos abaixo:

 

Figura 8: postagem no Twitter sobre a matéria publicada na coluna do Estado de Minas Figura 7: postagem no Twitter sobre a matéria publicada na coluna do Estado de Minas

Fonte: Oliveira (2023).Fonte: Claudio (2023).

 

No primeiro post, lemos que uma pessoa com deficiência questiona o jornal Estado de Minas sobre que solução seria dada para não mostrar minorias e impressionar negativamente os leitores. Em meio a esse questionamento, "eu sou estropiado" retoma Auschwitz6, trazendo à tona uma memória de morte, de assassinato, de extermínio das minorias que não devem aparecer na “cara da nação”.

Quanto ao segundo post, é relevante o momento em o enunciador destaca que “chamando pessoas com deficiência de -ESTROPIADOS- passa por mãos de editores e revisores. Isso foi aprovado. Essa sujeita objeta não está sozinha”, apontando para o fato de o jornal, enquanto instituição, ter permitido tal publicação. Cabe-nos ressaltar que o Estado de Minas Gerais é hoje governado por Romeu Zema, pertencente ao Partido Novo, defensor de pautas como uma ação separatista do restante do Brasil com relação ao Nordeste e responsável por sugerir que pessoas em situação de rua poderiam ser comparadas a carros estacionados em locais proibidos, dentre outros7.

Ainda analisando posts que se colocam favoráveis à inclusão e ao modo como o governo conduziu a transmissão da faixa presidencial, temos:

 

Quadro 3: Postagens nas redes sociais

 

 

Fonte: Utsch (2023).

 

 

 

 

 

 

Fonte: Groove (2023).

 

Fonte: Albuquerque (2023).

 

Todas as formulações que aparecem nesses posts reconhecem o efeito simbólico da subida da rampa e da participação de um grupo tão representativo de minorias na transmissão da faixa. No primeiro post, aponta-se para a importância do protocolo ter sido quebrado, pois, com isso, novos significados puderam ser instaurados, principalmente, no que tange à participação das minorias em momentos tão solenes como este.

No segundo post, temos: “o peso político da entrega da faixa presidencial a ser entregue por representantes da diversidade do nosso povo é extremamente poderosa!”. Esta formulação remete ao fato de nunca antes um grupo de pessoas ter feito tal ato, pois tradicionalmente isso caberia ao ex-presidente, em sinal de seu poder.

No terceiro post, a formulação que se lê é: “a imagem tradicional subida na rampa do presidente eleito, só que dessa vez com o representante do povo e das minorias, foi muito poderosa, e ganhou as capas dos jornais do mundo inteiro”. O que se esperava era uma posse tradicional, mas ao deparar-se com um novo modo de constituição desse acontecimento, que deu lugar às minorias, significa-se tal ocorrência como “poderosa”, ressaltando-se o quanto a quebra do protocolo e uma atitude mais inclusiva chamou atenção do mundo inteiro a ponto de tornar-se capa de jornais estrangeiros.

Além da presença do sujeito com deficiência e o modo pelo qual ele é nomeado, nos cabe também analisar a roupa que Ivan Baron usou para participar da posse presidencial, além do recorte de sua fala quando de sua entrevista para o G1.

Figura 9- vestimenta do Ivan Baron

Fonte: G1 (2023).

 

Ivan Baron subiu a rampa com uma jaqueta branca em que estava escrito com letras com traços próprios às usadas para pichação “parem de nos excluir”. Compreendemos que há um duplo movimento de significação aqui: a) ao trazer a letra em forma de pichação, materializam-se “linguístico-historicamente, nesse espaço, dizeres daqueles que, “excluídos” do sistema, saem do “silêncio” por meio desse gesto” (Araújo, 2019, p.359), remete-se a um lugar mais periférico, também muito excluído por nossa sociedade, sobre o que concordamos com Orlandi (2004) que afirma que as pichações são narratividades urbanas, narrando o modo como a sociedade se simboliza e simboliza o/para o sujeito; e b) o ensejo de uma inclusão efetiva ao demandar que as pessoas parem de exclui-los. Essa cessação da exclusão pode tanto estar ligada às pessoas “comuns” que excluem as pessoas com deficiência ou aos governantes, já que nos anos passados vivemos um desgoverno em que não houve investimento em políticas públicas para pessoas como Ivan.

Um movimento interessante que merece figurar nessa análise é o de que a subida da rampa e a transferência da faixa presencial ao tornarem-se um acontecimento discursivo passaram a possibilitar a existência de um movimento parafrástico sobre sua ocorrência, permitindo que releituras sobre os sentidos produzidos circulassem socialmente, como se vê abaixo:

 

Figura 10: Bordado da Subida da Rampa

Fonte: Alencar (2023).

 

A Figura 10 atualiza o acontecimento em forma de bordado feito por mulheres do Ceará. A formulação “O brasil toma posse de si mesmo” é acrescida ao bordado, permitindo-nos compreender a produção de um efeito de sentido de que o governo atual seria o governo do povo, o governo em que o povo teria voz e vez.

Não podemos deixar de mencionar como a reprodução da posse presidencial também ocorreu na ficção. A novela da Rede Globo, Mar do Sertão, em uma cena em que uma personagem assumiu o papel de prefeita (Figura 11), reconstituiu a imagem de 01 de janeiro de 2023. A personagem usou uma roupa vermelha, fazendo referência ao vermelho da esquerda, além de utilizar o slogan “faz o X” em sua campanha, retomando diretamente o “faz o L” utilizado na campanha de Lula.

Figura 11: Cena da novela “Mar do Sertão”

Fonte: Lulaoficial (2023).

 

Vemos nesta imagem um movimento parafrástico, em que há a reprodução de algo que já ocupa a ordem do imaginário, da memória discursiva. A Figura 11, em que se coteja a cena da novela e a cena ocorrida em Brasília, é enunciada a partir de uma formação discursiva em prol da inclusão e da liberdade dos sujeitos, pois afirma que “democracia também é representatividade. É quando cada brasileiro e cada brasileira tem a oportunidade de chegar onde quiser, e saber que pode ocupar o lugar que quiser”.

 

Ponderações finais

A posse presidencial de 2023 acabou por ser significada como um acontecimento discursivo, pois produzira uma nova possibilidade de significação para esse ato. Ao nos referirmos à posse presidencial depois desse acontecimento, o que temos é a produção de um novo saber sobre que rompe com o que se dizia acerca de uma posse presidencial, uma outra imagem passa a circular no imaginário social - não mais a de um ex-presidente passando a faixa presidencial para o atual, mas a de um grupo de pessoas fazendo a transição da faixa. Ou seja, novos discursos e sentidos sendo produzidos a partir desse acontecimento discursivo.

Considerando os materiais analisados, nos deparamos com formulações que advêm de duas formações discursivas: uma mais favorável à inclusão, à qual o próprio governo se filia, bem como jornais e usuários das redes sociais, que mesmo usando termos eufêmicos para tentar se colocar no lugar do politicamente/linguisticamente correto, enunciam favoravelmente a práticas inclusivas; e uma mais contrária à inclusão, a partir da qual são veiculadas publicações que falam de um lugar preconceituoso, que utiliza termos depreciativos para se referir à pessoa com deficiência, significando-a como incapacitada, aquela que deve ser consertada para fazer parte da sociedade.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ALBUQUERQUE, Mariana. Cerimônia de posse de Lula quebrou tradições; veja mudanças. Estado de Minas,2023. Disponível em: <Cerimônia de posse de Lula quebrou tradições; veja mudanças - Politica - Estado de Minas>. Acesso em 31.jul.2023, às 16h45min.

ALEIXO, Isabela; MUTCHNIK, Letícia. Quem são as pessoas que subiram a rampa do Planalto com Lula. 2023. Disponível em: <Quem são as pessoas que subiram a rampa do Planalto com Lula? - 01/01/2023 - UOL Notícias>. Acesso em 31.jul.2023, às 16h48min.

ALENCAR, Chico. A subida da rampa eternizada no bordado de um coletivo de mulheres bordadeiras do Cariri-CE. Twitter, 18 jan. 2023. Disponível em: <https://x.com/depchicoalencar/status/1615861477281251328>. Acesso em 01.fev.2025, às 12h34min.

ARAÚJO, Érica Daniela. Marcas da resistência nos muros da Universidade: pichações e seus efeitos. RUA [online], vol. 25, n.1, p. 357-376, junho/2019.

BIMBATI, Paula Ana. Quem é a mulher que entregou a faixa presidencial para Lula. 2023. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2023/01/01/quem-e-a-mulher-que-entregou-a-faixa-presidencial-para-lula.htm>. Acesso em 31.jul.2023, às 18h33min.

BRASIL, CCN. Catadora entrega a faixa presidencial a Lula | CNN NA POSSE, 2023. Disponível em: <Catadora entrega a faixa presidencial a Lula | CNN NA POSSE - YouTube>. Acesso em 31.jul.2023, às 19h02min.

BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).  Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso em 13.mar.2023, às 15h32min.

BBC News Brasil. Querem nos segregar, diz jovem com deficiência sobre decreto de Bolsonaro., [s.d.]. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-58400488 >. Acesso em 30.jul.2023, às 11h23min.

BRASIL. Legislação Informatizada - DECRETO Nº 10.185, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2019 - Publicação Original, 2019. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2019/decreto-10185-20-dezembro-2019-789637-publicacaooriginal-159749-pe.html>. Acesso em 01.set.2023, às 10h39min.

CECILLIA. Twitter, 6 jan. 2023. Disponível em: <https://x.com/Cecillia/status/1611374648142303235>. Acesso em 01.fev.2025, às 23h45min.

CLAUDIO. índios, pretos e estropiados" não podem ser colocados. Twitter, 7 jan. 2023. Disponível em: <https://x.com/zebedeudascoves/status/1611817209654902784>. Acesso em 01.fev.2025, às 23h47min.

COSTA, Greciely Cristina da. Denominação: um percurso de sentidos entre espaços e sujeitos. RUA [online], vol.18, n.1, p.134-147, 2012.

DIAS, C. Análise do discurso digital: sobre o arquivo e a constituição do corpus. Estudos Linguísticos, São Paulo, vol.44, n.3, p.972–980, 2015.

FOLHA DE S. PAULO. Dilma e Temer. 2015. Disponível em: <https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/40534-dilma-e-temer> Acessado em 31.jul.2023, às 18h40min.

FOLHA DE S. PAULO. Lula recebe faixa de criança, indígena, negro, mulher, operário e pessoa com deficiência em nome do povo brasileiro. 2023. Disponível em: <Lula recebe faixa de grupo diverso em nome do 'povo' - 01/01/2023 - Poder - Folha (uol.com.br).> Acesso em 31.jul.2023, às 13h55min.

FOLHA DE S. PAULO. Manual da Redação: Folha de S.Paulo: as normas de escrita e conduta do principal jornal do país/Folha de S.Paulo. 22.ed. Barueri, SP: Publifolha, 2021.

G1. Saiba quem são os representantes do povo brasileiro que entregaram a faixa para Lula. 2023. Disponível em: <Saiba quem são os representantes do povo brasileiro que entregaram a faixa para Lula | São Paulo | G1 (globo.com)>. Acesso em 31.jul.2023, às 16h04min.

G1. Influencer potiguar descobriu que passaria faixa presidencial para Lula 40 minutos antes de subir a rampa: 'grande emoção. Rio Grande do Norte, 2023. Disponível em: <Influencer potiguar descobriu que passaria faixa presidencial para Lula 40 minutos antes de subir a rampa: 'grande emoção' | Rio Grande do Norte | G1 (globo.com)>. Acesso em 31.jul.2023, às 16h12min.

GROOVE. FF_. Texto do tweet sobre a subida da rampa. Twitter. Disponível em:<https://x.com/search?q=from%3Aff_Groove%20%20subida%20da%20rampa&src=typed_query>. Acesso em 01.jan.2023, às 21h34min.

MELLIS, Fernando. Bolsonaro chega ao Palácio do Planalto e recebe faixa presidencial. 2023. Disponível em <https://noticias.r7.com/brasil/bolsonaro-chega-ao-palacio-do-planalto-e-recebe-faixa-presidencial-29062022>. Acesso em 31.jul.2023, às 17h33min.

MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. 2015. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/creditos/>. Acesso em 31.jul.2023, às 14h23min.

NEWS, SBT. Lula sobe a rampa do Palácio do Planalto e recebe faixa presidencial | SBT News. 2023. Disponível em: <Lula sobe a rampa do Palácio do Planalto e recebe faixa presidencial | SBT News - YouTube>. Acesso em 31.jul.2023, às 09h34min.

PLATINI, Michel. Bolsonaro tentou ao menos quatro vezes flexibilizar a lei de cotas para pessoas com deficiência. Congresso em foco, 2021. Disponível em: <Bolsonaro tentou ao menos quatro vezes flexibilizar a lei de cotas para pessoas com deficiência (uol.com.br)>. Acesso em 09.jun.2023, às 10h22min.

PORTAL da Câmara dos Deputados. PL 1361/2015 - Projeto de Lei. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=1228727>. Acesso em 10.jun.2023, às 12h10min.

ORLANDI, Eni P. Cidade dos Sentidos. Campinas, SP: Pontes, 2004.

ORLANDI, Eni P. Ser diferente é ser diferente: a quem interessam as Minorias?. In: ORLANDI, Eni P. (orgs.). Linguagem, sociedade, políticas. Pouso Alegre: UNIVÁS; Campinas: RG Editores, 2014.

ORLANDI, Eni P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 12.ed. Campinas: Pontes Editores, 2015.

ORLANDI, Eni P. EU, TU, ELE - Discurso e real da história. 2.ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2017.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. In: VIVARTA, Veet (coord.). Mídia e deficiência. Brasília: Andi/Fundação Banco do Brasil, 2003. Disponível em:< https://campanhas.cnbb.org.br/wp-content/uploads/2015/04/terminologiasobredeficiencia.pdf> Acesso em 31.ago.2023, às 14h27min.

SINDIBANCÁRIOS. Festa da democracia: lula sobe a rampa ao lado do povo brasileiro. 2023. Disponível em: <Festa da democracia: Lula sobe a rampa ao lado do povo brasileiro   – Sindibancários ES (bancarios-es.org.br)>. Acesso em 31.jul.2023, às 16h27min.

UTSCH, Ana Paula. A inclusão de pessoas com deficiência é um compromisso de todos nós. Twitter, 1 jan. 2023. Disponível em: <https://x.com/utsch/status/1609641939342614528>. Acesso em 09.jan.2023, às 15h51min.

VERDÉLIO, Andreia; RICHTER, André. Lula sobe a rampa do Planalto e recebe faixa presidencial Faixa foi entregue por cidadãos que representam a diversidade. Agência Brasil, 2023. Disponível em: <Lula sobe a rampa do Planalto e recebe faixa presidencial | Agência Brasil (ebc.com.br)>. Acesso em 31.jul.2023, às 11h45min.

 

 

 


1  Doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas. Docente do Curso de Licenciatura em Letras-Libras e do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Piauí. E-mail: maraisa_lopes@uol.com.br.

2  O acontecimento discursivo é aquele que se produz “no ponto de encontro entre uma atualidade e uma memória” (Pêcheux, 1990, p. 17) (PÊCHEUX, M. O discurso: estrutura ou acontecimento. Campinas, SP: Pontes Editores, 1990).

3  “aquilo que numa formação ideológica dada – ou seja-, a partir de uma posição dada em uma conjuntura sócio-histórica dada- determina o que pode e deve ser dito” (Orlandi, 2015, p.41).

4  “Pessoas com deficiência física, sensórias ou intelectual devem receber tratamento que não reforce estereótipos, condescendência e discriminação. Mencione a deficiência quando for relevante para o contexto da notícia. Nesses casos, seja preciso. (...) a expressão genérica ratificada por órgãos internacionais é pessoa com deficiência.  Evite expressões e lugares-comuns depreciativos, como preso a uma cadeira de rodas ou perdido nos labirintos da esquizofrental hanseníase ou o adjetivo leproso para referir-se a hanseniano. Evite eufemismos como portador de deficiência ou portador de necessidades especiais” (Folha de S. Paulo, 2021, p.59).

5  “O complexo dos campos de concentração de Auschwitz foi o maior de todos aqueles criados pelo regime nazista. Nele havia três campos principais, de onde os prisioneiros eram distribuídos para trabalhos forçados e, por um longo período, um deles também funcionou como campo de execuções” (Enciclopédia do Holocausto, 2025).

6  cf. <https://www.brasildefato.com.br/2025/08/21/relembre-vezes-em-que-zema-afrontou-os-direitos-humanos-alem-dos-ataques-a-populacao-de-rua/>. Acesso em 19.out.2025, às 22h53min.

7  Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual do Piauí. E-mail: jessicathiana123@gmail.com.






RESENHA
resenha

ARTES
artes