Análise do discurso da arqueologia preventiva na Folha de S. Paulo: A Casa Bandeirista do Itaim


resumo resumo

Glória Tega
Rodrigo Bastos Cunha



Apresentação

Este artigo tem como objetivo apresentar uma análise de reportagens publicadas no jornal Folha de S. Paulo sobre um caso específico de arqueologia preventiva, o da Casa Bandeirista do Itaim, na capital paulista. A arqueologia preventiva, realizada por empresas privadas para o licenciamento de obras, éndistinta da arqueologia acadêmica, feita tradicionalmente pelas universidades. A análise aqui apresentada éiparte de uma pesquisa mais ampla desenvolvida no mestrado sob a ótica da linha francesa da Análise do Discurso e concluída em 2012[1].

 

O crescimento da Arqueologia no Brasil a partir da portaria 230 do IPHAN

A implantação da Portaria 230 do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em dezembro de 2002, passou a exigir que o licenciamento ambiental, como requisito para a realização de obras, contemplasse também a pesquisa a respeito de nossas heranças culturais e de nossas origens, descobertas por meio da pesquisa arqueológica. A medida acabou impulsionando um grande crescimento no que diz respeito a essas pesquisas no Brasil; gerou a criação de empresas especializadas na realização dos licenciamentos de obras; as Universidades também passaram a se adequar para poderem, assim como as empresas privadas, realizar os licenciamentos; a demanda por profissionais arqueólogos aumentou; foram criados cursos de graduação em Arqueologia, anteriormente apenas um curso de pós-graduação (Mestrado e Doutorado) feito por graduados em História, Geologia, Antropologia ou outras áreas do conhecimento. Enfim, a Arqueologia no Brasil ampliou sua atuação, as pesquisas ganharam espaço dentro e fora das Universidades e, assim, se configurou um mercado de atuação, de trabalho, o campo da Arqueologia.

A citada Portaria, além de exigir as pesquisas arqueológicas antes e durante a execução das obras, estabeleceu também que a sociedade deveria ser compensada por possíveis danos causados ao patrimônio arqueológico – no Brasil, configurado como um bem público, sob a tutela da União, segundo a Constituição do Brasil de 1988 –, e com isso, medidas que visam a um retorno à sociedade dos resultados obtidos nas pesquisas se tornaram obrigatórias com sua entrada em vigor. Assim, a Arqueologia passou a ser mais evidente, chegou à população em forma de palestras, cartilhas escolares, cursos



[1] CALIPPO, G. M. V. Arqueologia em notícia: pesquisas impressas, sentidos circulantes e memórias descobertas. Campinas (SP): IEL/Labjor, 2012 (dissertação de mestrado).