Reportagem e Folhetinismo: narrativas infames como poder finalista


resumo resumo

Rodrigo Marcelino



O repórter é o luzeiro da imprensa, quem prenuncia uma das finalidades dessa cultura de olhar um rosto sem face, no qual se bosqueja uma narrativa infamante do corpo, sobre o qual se tatuam imagens do crime, da menoridade, da loucura etc. O repórter está “trazendo à luz plena e submetendo à sanção da opinião os vícios e as qualidades, as excelências e as falhas de tudo quanto direta e indiretamente importe à vida da sociedade moderna” (SENNA, 1895, p.26, 27). A narrativa do repórter é o espelho sobre o qual se reflete a imagem de um vergel decadente. O repórter vai fazer com que corpo do povo seja visto por essas chagas, que concretizam a imagem de uma narrativa, sua visibilidade, todo o seu imagismo. Os que Gonzaga Duque chama de “imagistas nefelibatas”[1] encontrariam na narrativa dos primeiros repórteres esse visível decadente o qual satisfaz as condições primitivas de uma poder finalista. A finalidade guarda para si a narrativa da reportagem e da arte, ainda que de modos distintos. A imagem do corpo em Paulo Barreto não é finalista, como é na narrativa de Ernesto Senna. E seria preciso duvidar da distância apontada por Oswald de Andrade (2011) entre o autor de As religiões no Rio e o finalismo transcendente de Farias Brito (idem, p.40). Sua prática de narrar supõe, antes de tudo, a pura forma da finalidade sem fim. Há um passeio em Paulo Barreto, pelo qual a narrativa caminha sem finalidade. A finalidade de Paulo Barreto é a arte de sua narrativa, mas a sua narrativa como a arte não tem finalidade[2]

 

3.0 Conclusão:

Kosmos, maio de 1906.

Compare isso ao prefácio de Cantos modernos (1889) no qual “a poesia é um produto mental sem aplicação útil”.



[1] Kosmos, maio de 1906.

[2] Compare isso ao prefácio de Cantos modernos (1889) no qual “a poesia é um produto mental sem aplicação útil”.