Reportagem e Folhetinismo: narrativas infames como poder finalista


resumo resumo

Rodrigo Marcelino



 

A crônica evoluiu para a cinematografia. Ultimamente era fotografia retocada, mas sem vida. Com o delírio apressado de todos nós, é agora cinematográfica – um cinematógrafo de letras, o romance da vida do operador no labirinto dos fatos, da vida alheia e da fantasia – mas romance em que o operador é personagem secundário arrastado na torrente dos acontecimentos (BARRETO, 1909, p. 5- 6).

 

Os versos de A Marmota na Corte (1849-1852), no tempo da crítica, saldam a inauguração da Casa de Correção e vão predizer o projeto daquilo que seria um espaço visível na narrativa de Ernesto Senna,a Casa de Correção agora se pode ver!” [1]. Existem narrativas sobre a Casa de Correção, no Diário do Rio de Janeiro, com a coluna Um Passeio à Correção, no Jornal do Comércio, com o cronismo de Francisco Otaviano, desde então (EWALD et al, 2006, p.256-257). De todas as construções erguidas, de todos os espaços, a flânerie de Macedo ou Alencar percorre o espaço do Passeio Público e a história dos espaços fechados das igrejas, palácios, colégios, conventos etc.. Paulo Barreto, por outro destino, prefere além do percurso aberto e indefinido da rua as narrativas infamantes de outros espaços fechados: a infâmia do crime, através de um passeio à Casa de Detenção e Correção, a infâmia da loucura, no Hospício Nacional dos Alienados, infâmia da miséria, no Asilo de Mendicidade etc., ao modo das Notas de um repórter (1895) de Ernesto Senna.

A Marmota na Corte, 08 de janeiro de 1850.



[1] A Marmota na Corte, 08 de janeiro de 1850.