Quadro 2: Testagem do editorial da revista Ciência Hoje das Crianças nº 16
No editorial-rébus, as operações matemáticas não são garantia de reconstrução de uma linearidade difusa/dispersa. O rébus é feito “à moda” da linguagem lógica, como se fosse possível uma relação direta entre palavras e coisas no mundo. Ao incidir por uma ilusória transformação – da pretensa linguagem lógica à linguagem natural –, o editorial deixaria a suposta transparência para ser tomado como um texto em sua opacidade. No entanto, nessa “transformação”, há sempre um resto enigmático ou “o umbigo do sonho”, como aponta Freud (1976), um espaço lacunar, no qual há sempre um resto que propicia que outros sentidos sejam produzidos.
De forma a compreender o editorial-rébus, levamos ao máximo a proposta pecheutiana de “uma palavra por outra” – no nosso caso, partes por outras –, que mais do que uma definição restritiva de metáfora é o ponto de racha, de quebra do ritual ideológico que se dá no lapso ou no ato falho. Todos os leitores compreendem os editoriais igualmente? Ou melhor, todos “des-cobrem o que está encoberto”? Por meio das respostas obtidas pelas testagens, parece-nos que não.
                           [lado ondas]