Pedagogização do espaço urbano


resumo resumo

Mariza Vieira da Silva
Claudia Castellanos Pfeiffer



território, não tem Estado, mas caracteriza-se pelo traço comum da natureza humana?[1] Essa discursividade vai apontando para a direção de um apagamento fundamental: o das relações de força, das relações micro e macro-econômicas, da força do capital que, sim, atravessa fronteiras territoriais, despossuindo e reapropriando-se de práticas cotidianas de significação do espaço material de existências das diversas populações distribuídas de modo desigual pelos territórios nacionais.

Essa humanidade generalizada e, portanto, interditada do sentido político e simbólico dos sujeitos que a constituem, nas suas mais diversas práticas cotidianas de existência, é redita na textualização da Cartilha enquanto um conjunto de indivíduos que precisam mudar seu comportamento, sendo responsáveis pelas consequências dos mesmos. Sigamos um pouco mais a Cartilha:

 

Comportamento e responsabilidade: um discurso que individualiza os modos de apropriação e significação do espaço no qual se vive, apagando as contradições próprias às relações de força e de sentido, às condições materiais de existência, aos modos e meios de produção. Esse discurso, como formulado por Orlandi (2003)[2], apaga e evita, consequentemente, a necessidade das mudanças de estrutura. Esse discurso explora menos os processos e relações e mais as consequências e resultados. Esvazia o social como estruturante e fica em seus efeitos, desliza para o indivíduo (Idem). O meio



[7]“Há pessoas e pessoas”, como dissemos, em uma análise de dicionários sobre o termo “analfabeto”, em sua dimensão histórica (Silva, 1996). É justo essa uma das direções de sentido que apontamos na compreensão do funcionamento de formas materiais da língua que indicam generalizações.

[2] Orlandi, E. Os Recursos do Futuro: um outro discurso. Revista Multiciência, no.1, outubro de 2003.