Quando o editorial é carta enigmática: uma análise discursiva do rébus


resumo resumo

Angela Corrêa Ferreira Baalbaki



que cria um efeito de convite para leitura da revista. O editorial organiza dizeres: apresenta a pauta da revista de divulgação científica e mantém relação com o que estaria aparentemente fora: o leitor. Compreendemos o rébus como um processo de significação que apresenta um funcionamento complexo: uma opacidade enigmática em que se acrescenta a incompletude gráfica da palavra à opacidade do desenho.

Nessa rede complexa de dizeres, como o rébus coloca a ciência em circulação (se é que a coloca)? Como enigma, editorial-rébus, sentidos desfazem-se e novas relações entre sons e sentidos são realizadas. O editorial-rébus parece comprometer a veracidade da ciência, visto que há sempre algo que sobeja. Talvez por isso tenham sido descartados. O lúdico parece vazar do editorial da revista. Em nossas análises, verificamos que o rébus pode ou não funcionar com uma polissemia aberta, uma vez que um dos efeitos de sentido que se constrói é o da verdade científica. Podemos dizer que os dois editoriais encenam uma representação anedótica dos processos de produção de conhecimento científico.

 

Referências

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