Pedagogização do espaço urbano


resumo resumo

Mariza Vieira da Silva
Claudia Castellanos Pfeiffer



Encontramos, nessas cartilhas, um vocabulário estruturado em que conceitos complexos adquirem o formato do discurso pedagógico em que “x” é “x”, como no recorte seguinte: “O Ministério do Meio Ambiente (MMA) define consumo consciente como ‘uma contribuição voluntária, cotidiana e solidária para garantir a sustentabilidade da vida no planeta’” (2011, p. 09)[1]. Vai se criando, ainda, uma rede de termos e noções, em que se estabelece um modo de ler, criando lugares de interpretação. “Você já percebeu que se fala cada vez mais sobre “reciclagem”, “sustentabilidade”, “preservação do meio ambiente” e “ecologia”? Estas expressões são palavras-chave para compreender as atuais condições de vida no planeta, de acordo com a cartilha Pense bem da IPAS[9] (p. 4).

Mesmo que brevemente, gostaríamos de chamar a atenção para esse modo de fazer circular o conhecimento científico, através de um discurso lexicográfico, trazendo um outro recorte presente na cartilha do IPAS, Pense Bem. O primeiro item do Sumário é “Meio ambiente e dicionário” e, ali, encontramos um “Eco-dicionário”, que diz: “Conheça o significado de algumas palavras e expressões muito usadas quando o assunto é meio ambiente” (p. 7),o que é feito através de 21 verbetes, seguindo a ordem alfabética (vão até a letra “r), a saber: “agroquímicos”, “aquecimento global”, “aterros sanitários”, “biodegradável”, “camada de ozônio”, “CFC”, “degradável”, “desenvolvimento sustentável”, “ecologia”, educação ambiental”, “eficiência energética”, “florestamento”, “gestão ambiental”, “lixo orgânico”, “lixo reciclável”, “poluição”, “preservação”, “reciclagem”, “recurso ambiental”, “recurso não renovável”, “recurso renovável”.

Vemos o dicionário, assim como a cartilha, como um objeto discursivo, que busca dar uma visão integral de uma língua, ou, no caso, de um domínio de conhecimento, produzindo o efeito de completude da representação da língua ou do domínio de conhecimento. Nele estabelece-se uma forma de relação do sujeito com a língua, com o conhecimento, na história; constrói-se um imaginário de língua, de saber para o sujeito de uma dada sociedade, em que é possível dominar, controlar a língua, o conhecimento sobre “x” Interessa-nos, pois, compreender como os sentidos das palavras



[8] Apesar das aspas, não há indicação da fonte. Aliás, essa é uma regularidade nas definições.

[9] “Formada por grandes empresas, como Bunge, Carrefour, Grupo JD, Klabin, Nestlé e Sadia, a IPAS conta também com a participação da IPD – Organics Brasil, da Sociedade Rural Brasileira, da organização não governamental The Nature Conservancy (TNC) e das instituições de ensino e pesquisa Escola de Marketing Industrial e Pensa/FEA-USP. Em comum eles têm o objetivo de promover modelos mais sustentáveis que envolvam toda a cadeia de alimentos” (p. 3).