Se o jornalismo pauta-se no imaginário de objetividade e neutralidade e, portanto, informatividade da linguagem referencial, como se representa a questão da opinião? Para Mariani, “não se trata apenas da antiga discussão das diferenças entre um jornalismo mais opinativo opondo-se a um mais informativo” (MARIANI, 1998, p. 65), mas a opinião é representada como uma questão da “ordem do funcionamento da língua” (idem). O funcionamento está relacionado com a imagem que se faz da própria língua: transparente, unívoca.
O jornalismo, colocado sob a disjunção “informativo” ou “opinativo”, funda-se como organizador dos acontecimentos cotidianos. Em termos discursivos, o que há são gestos de interpretação que organizam e ordenam tais acontecimentos como informativos ou opinativos. Mariani (1998) diz que “no discurso jornalístico mascara-se um apagamento da interpretação em nome de fatos que falam por si” (MARIANI, 1998, p.62). Em outros termos, dissimula a função-autor e o gesto de interpretação. A suposição de leitura literal e dos fatos que falam por si, a partir da suposição de uma linguagem transparente, suporte de sentido literal, é que propicia esse apagamento interpretativo, inerente à linguagem como constitutiva do sujeito. Aferrar-se à língua como sendo ela o repositório dos sentidos literais e unívocos acaba por criar a ilusão de que o que se diz é uma informação e não uma opinião.
Na discussão que trazemos aqui, não consideramos a classificação do editorial como opinativo ou como informativo, visto ser essa uma classificação pragmática que divide e ordena os sentidos no interior do discurso jornalístico. Uma classificação que