Quando o editorial é carta enigmática: uma análise discursiva do rébus


resumo resumo

Angela Corrêa Ferreira Baalbaki



permite opinar em alguns textos, enquanto em outros não, como se em apenas alguns o sujeito-autor interpretasse. A própria localização destacada do editorial, em jornais e revistas, está consubstanciada no imaginário de que a informação e a opinião são polos estanques. Em suma, é uma classificação que está posta na configuração do sujeito-jurídico que opõe imaginariamente objetividade e subjetividade (HAROCHE, 1992).

Salientamos que tomamos o editorial como um sítio de significância (ORLANDI, 2003a, 2004a) – uma região de sentidos – que estabelece relações intertextuais[1] com as demais seções da revista, não só com os artigos que apresenta, mas, sobretudo no caso da CHC com a sua seção de cartas.

 

Editorial e carta enigmática?

O primeiro editorial da revista foi publicado no exemplar de número 8 (julho de 1988) dois anos após o lançamento do seu primeiro número. No número 8, a CHC ainda era um encarte da revista Ciência Hoje, ou seja, não era vendida separadamente. Foi o único a ser intitulado “Editorial” e que dá início a um lugar enunciativo e a uma prática discursiva.

Esse primeiro editorial é composto por um único parágrafo. Nele, são trazidos dados sobre o aumento do número de páginas, a instauração de novas seções, como também a funcionalidade da revista. A equipe editorial é apresentada com fotos e pela descrição das atividades realizadas por cada integrante.

A revista de número 9, embora não apresente o título “Editorial”, traz uma carta enigmática, cujo título é “Aos leitores de CHC”, e o índice da revista, na mesma página. Os números que seguiram – ainda em configuração de encarte – não apresentaram propriamente um editorial. São compostos pelo índice, pela seção Correio e, algumas vezes, por jogos. Dois anos depois, em decorrência de sua independência editorial (a CHC deixou de ser um encarte e passou a ser uma revista vendida separadamente), notamos uma mudança na diagramação do editorial. O número 16, de setembro de 1990, ganhou um novo layout: o corpo do texto do editorial, configurado como uma carta enigmática, é centralizado e, ao seu redor, é diagramado o índice da revista, com o título das suas seções e as páginas correspondentes. A seção de cartas (anteriormente na seção “Correio”) passou a ser publicada na última página da revista.

 

Para Maingueneau (1997) a intertextualidade diz respeito aos tipos de relações que um texto estabelece com outros. Essas relações são definidas no nexo que uma formação discursiva (FD) mantém com outras. O autor distingue dois aspectos da intertextualidade: interna e externa. Na intertextualidade interna, o discurso se define por sua relação com discursos do mesmo campo discursivo. Na intertextualidade externa, o discurso define certa relação com outros campos. Lembra o autor que nenhum campo existe isoladamente, havendo intensa circulação.



[1] Para Maingueneau (1997) a intertextualidade diz respeito aos tipos de relações que um texto estabelece com outros. Essas relações são definidas no nexo que uma formação discursiva (FD) mantém com outras. O autor distingue dois aspectos da intertextualidade: interna e externa. Na intertextualidade interna, o discurso se define por sua relação com discursos do mesmo campo discursivo. Na intertextualidade externa, o discurso define certa relação com outros campos. Lembra o autor que nenhum campo existe isoladamente, havendo intensa circulação.