Sentidos (tra)vestidos: a individuação e a constituição do sujeito travesti pelo Estado


resumo resumo

Lidia Noronha Pereira
Telma Domingues Da Silva



Daí a existência na sociedade de regras impostas à sexualidade e sua prática como forma de dominação, seja por meio do Estado, da Igreja, da medicina, da família, da pedagogia etc. Tais esferas de poder, a seus modos, impõem estratégias de dominação do sexo, multiplicando os discursos sobre este. Confessionários, consultórios, documentos obrigatórios, casamento e procriação, entre outros, trazem consigo a obrigatoriedade de se posicionar quanto à sexualidade, tornando público aquilo que é privado, íntimo, ao mesmo tempo em que se observa o desejo de falar de si e de ouvir o outro.

É a propósito de tais considerações, no que chamou de “dispositivo da sexualidade, que Foucault (idem) procurou compreender a relação discursiva entre corpo, saber e poder. Tal dispositivo se articula entre a intensidade do prazer, a necessidade de saber e a busca pelo poder sobre as manifestações da sexualidade. Assim, ao analisarmos ambos os cartazes, levamos em conta a necessidade, apontada por Foucault (1988), de que o poder tem de saber para obter/manter o poder, neste caso, o saber imposto pelo Estado sobre a sexualidade de uma parcela da sociedade. Aqui, o Estado se refere à sexualidade do sujeito travesti, significando-o como cidadão e, partindo de um saber institucionalizado por órgãos de saúde, tal instância de poder determina quem e como são seus cidadãos.

Cartaz 01: Campanha de combate à Aids