Quando o editorial é carta enigmática: uma análise discursiva do rébus


resumo resumo

Angela Corrêa Ferreira Baalbaki



Durante os quatros números publicados no ano de 1990, o editorial não segue uma linha precisa: ora fala da finalidade da revista, ora das suas seções, ora de assuntos da atualidade. Mas, sobretudo, sinaliza para que os leitores enviem cartas. Observamos que, a partir do número 20, passa-se a enfatizar o conteúdo de cada seção da revista, como se fosse uma carta de apresentação da mesma. Em relação à localização e diagramação do texto, podemos dizer que o editorial da revista foi – e ainda é – publicado ora no centro ora no lado esquerdo da primeira página.

Nos editoriais da CHC, em geral, há uma introdução a respeito do tema do artigo principal da revista, um comentário das demais seções e uma despedida, ofertando a todos uma boa leitura/diversão. Foram essas pistas de organização textual (introdução, comentário e despedida) que permitiram designar os textos que aparecem na primeira página da revista como editoriais. Como já dissemos anteriormente, somente o primeiro (publicado na revista de número 8) apresenta tal designação.

Como pudemos observar, os editoriais na revista não são apresentados/publicados desde os números iniciais. De fato, tal sítio de significância é construído paulatinamente nos diferentes exemplares da revista. Neste artigo, contudo, o interesse de análise recai somente sobre aqueles editoriais que se configuram na forma de uma carta enigmática. Assim sendo, interrogamo-nos pelo funcionamento de tais “enigmas”. É interessante registrar que, dos quase 160 editoriais arquivados durante 20 anos (entre 1986 a 2006) de publicação da revista, somente dois configuram-se como enigmas. São eles: o 2º editorial e o 16º (em sendo o último, o marco do início da fase “independente” da revista). Da perspectiva teórica que assumimos, sabemos que todo discurso abriga o mesmo e o diferente. Se for possível falar, mesmo que ilusoriamente em homogeneidade, os dois editoriais assinalam, em sua estrutura organizacional, o que há de mais marcadamente heterogêneo em relação aos demais editoriais.

Vejamos a seguir os dois editoriais.