Começamos a apresentação do volume II do número 20 da Revista RUA, fechando nossas celebrações aos 20 anos da revista. Pudemos contar, neste ano de 2014, com três publicações de RUA (volume I, número especial 20 anos, e o presente volume II), que registram sua potência na intervenção multi e interdisciplinar nos estudos sobre os espaços em que os sujeitos habitam, moram, circulam – ou não, porque interditados –, propondo sempre que os processos de significação em jogo, nestas diferentes formas de abordar a presença/ausência dos sujeitos em distintos espaços, seja tocado. Nesta direção, contamos com a Seção Estudos aberta pelo instigante artigo “ Dos não-lugares à cidade senciente” de Lucia Santaella, no qual a autora visa as transformações operadas nas formas de vida urbana pós revolução digital, naquilo que, no atual estado da arte, vem sendo chamado de “cidade senciente”. Por seu lado, em “Rede social, colaboração e mobilidade: o caso do aplicativo urbano Colab no Brasil”, Alexandre Campos Silva e Clayton Policarpo analisam os modos de intervenção na metrópole contemporânea pautada pela informação, tendo como estudo a rede social Colab. Ainda observando o funcionamento de um discurso tecnológico que intervém nos processos de significação dos sujeitos urbanos, Gustavo Grandini Bastos, Dantielli Assumpção Garcia e Lucília Maria Abrahão e Sousa, no artigo “O discurso na rede eletrônica e o Google: o movimento LGBT em destaque”, buscam analisar o período no qual, após a declaração da inconstitucionalidade da lei DOMA (Defense of Mariage Act), nos EUA, o Google, como uma forma de comemoração, passou por alterações em sua caixa de pesquisa homenageando assim o movimento LGBT. Olhando para outras formas de intervenção no espaço urbano, Leonardo Brandão, no artigo “O skate invade as ruas: história e heterotopia”, relaciona a noção de heterotopia, proposta por Michel Foucault, com o momento de emergência do Street Skate durante a década de 1980. Nessa mesma direção, as autoras Maria Beatriz Rocha Ferreira e Vera Regina Toledo Camargo, procuram compreender a possibilidade de reapropriação de percursos identitários, por meio da instalação de jogos indígenas em meio às cidades, no artigo “Jogos dos povos indígenas: da aldeia para cidade e as representações urbanas”. Focando seu olhar também para movimentos de sentidos de uma posição-sujeito indígena na relação com a cidade, Águeda Aparecida da Cruz BORGES nos apresenta uma interessante proposta de trabalho em seu artigo “Relacão sujeito indígena/cidade: análises para a construção de um objeto de pesquisa”. Angela Corrêa Ferreira Baalbaki, com seu artigo “Quando o editorial é carta enigmática: uma análise discursiva do rébus”, tomando enquanto ancoragem analítica dois editoriais de uma revista de divulgação científica para crianças, configurados por rébus, nos traz uma importante contribuição teórica de pensá-los como um efeito metafórico. Júlia Almeida, com seu artigo “A pátria (s)em chuteiras: reescritas do Brasil na Copa das Confederações”, observando os protestos de junho de 2013, procura compreender se os cartazes dessas manifestações são índices de um deslocamento discursivo nos modos de os brasileiros dizerem o país e se dizerem como brasileiros. Também procurando se debruçar nas construções identitárias, Marília Varella Bezerra de Faria explora a poesia como uma memória sobre as cidades reconstituídas em um conjunto de práticas sociais determinadas historicamente, em seu artigo “ Visões da cidade de Natal: construção identitária a partir do discurso poético”. Finalmente, fechando a seção Estudos, Geise Brizotti Pasquotto, Paula Francisca Ferreira da Silva, Luana de Souza e Sousa, Viviane Garcia e Mariana Scarpinatte Muniz da Silva, no artigo “A expansão urbana de americana e a questão regional”, abordam o desenvolvimento urbano do município de Americana, elencando aspectos que influenciaram sua formação, por meio da elaboração e análise cartográfica realizadas a partir de dados de fontes primárias. Na Seção Artes, temos a obra Escriba de Jônatas Manzolli, e, na Seção Notícias e Resenhas, além das notícias sobre as atividades realizadas pelo Laboratório de Estudos Urbanos, também podemos contar com uma interessante resenha de Rogério Modesto sobre o livro Um saber nas ruas: o discurso histórico sobre a cidade brasileira, de Carolina Fedatto, resultado de sua tese ganhadora do Prêmio Capes de melhor tese na área de Letras e Linguística em 2012.