Revista Rua


A patrimonialização do cotidiano: desafios para as políticas públicas
The diurnal heritage: challenges for public policies

Fabíola Rodrigues

 

O tombamento da Torre do Castelo é, pois, muito relevante, porque o mais importante na decisão da salvaguarda não foram as qualidades intrínsecas do edifício, mas sim sua significação simbólica, seu caráter de testemunho do processo de urbanização, de evolução da morfologia urbana, sua característica de documento do expressivo peso que o urbanismo assumiu no processo de modernização – conservador e excludente –  vivenciado por Campinas na longa duração do Plano de Melhoramentos Urbanos (1938-1970).
Nessa mesma perspectiva, a moradia operária – até mesmo diferentemente dos edifícios industriais, que de modo geral se impõem na paisagem por seu grande volume (o que não raro os torna alvo da sanha imobiliária em áreas reputadas como adequadas à refuncionalização) – é pequena, modesta, de feições às vezes acanhadas, não possui um estilo arquitetônico que a identifique, caracterizando-se por sua “funcionalidade”, ou seja, o programa de necessidades que, simplificado e econômico, quase sempre se repete: alpendre, sala, cozinha, dormitório(s).  
 
Figura 03. Imóvel sito à Rua Américo Brasiliense, nº 379, localizado na Vila Almeida.
Fonte: Acervo da CSPC. Levantamento de campo do projeto “Vilas Operárias (1930-1960)”, 2010.