Visões da cidade de Natal: construção identitária a partir do discurso poético


resumo resumo

Marília Varella Bezerra de Faria



Introdução

Considera-se a poesia como um modo característico de olhar e representar a vida. Nessa compreensão, a poesia adquire significado em meio à realidade social à qual está incorporada e em função das condições de produção discursiva. O discurso poético opera como uma memória sobre a cidade. Tal memória forma-se em decorrência de um conjunto de práticas sociais historicamente determinadas.

A cidade, por sua vez, é um espaço de idas e vindas aonde o poeta, em particular, chega e nela permanece, por meio da arte e do estilo por ele produzidos. Enquanto os outros falam do cotidiano que os entorna, relatam a experiência humana, retratam-na, pois dela fazem parte, os poetas constroem um mundo real ou imaginário sobre a cidade. Pela poesia, o artista percorre diferentes lugares e espaços e deixa vislumbrar o homem que os molda.

No âmbito da Linguística Aplicada (LA), área na qual se insere esta pesquisa, existem inúmeros estudos que relacionam discurso e vida e que traçam um quadro epistemológico da LA contemporânea, visto que esta investiga o papel da linguagem na construção da realidade. Moita Lopes (2006, p. 14) afirma que essa área de estudos deve dialogar mais e mais com “teorias que estão atravessando o campo das ciências sociais e das humanidades”.

Nesse contexto, este trabalho busca “ouvir” o que dizem dois poetas potiguares[1] nos dois extremos do século XX: o início e o fim.  Tentando compreender e interpretar os sentidos produzidos por seus discursos, objetiva-se identificar a construção de identidades culturais[2] da cidade de Natal. Não se trata de discutir a arte em uma dimensão temporal, mas de entendê-la como sendo capaz de moldar a cidade em determinado espaço de tempo. São discursos poéticos que contêm e compõem representações identitárias da cidade em dois momentos precisos.

Investigar o discurso a partir dessa perspectiva é compreendê-lo como uma construção social. É analisar como os participantes envolvidos na construção dos diferentes significados agem no mundo em condições sócio-históricas específicas e sobre ele constroem como sujeitos sociais (MOITA LOPES, 2002). Essa visão indica que a construção identitária emerge na interação entre indivíduos de forma que um se posiciona em relação ao outro. De acordo com a concepção de linguagem bakhtiniana,

Denominação (gentílico) dada às pessoas nascidas no estado do Rio Grande do Norte (também, norte-rio-grandense ou rio-grandense do norte).

Entende-se identidade cultural conforme Hall (2003; 2005).



[1] Denominação (gentílico) dada às pessoas nascidas no estado do Rio Grande do Norte (também, norte-rio-grandense ou rio-grandense do norte).

[2] Entende-se identidade cultural conforme Hall (2003; 2005).















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