Das infovias às ruas: O Facebook e as manifestações sociais na perspectiva da teoria do caos/complexidade


resumo resumo

Valdir Silva
Rodrigo de Santana Silva



Introdução

Neste artigo nos propomos a apresentar um estudo sobre o papel da rede social Facebook para a dinâmica complexa que marcou as manifestações de junho de 2013 no Brasil, a partir dos postulados conceituais da teoria do caos/complexidade. Para tanto, tomamos para análise o cartaz com o enunciado SAÍMOS DO FACEBOOK, empunhado por um jovem. Em termos da Teoria do Caos, nos interessa verificar quais foram as condições iniciais que tornaram sensíveis todos os sujeitos que direta e indiretamente se posicionaram politicamente com seus gestos, tanto no contexto do Facebook como nas ruas do país e nas de outros países ao redor do mundo. Antes de focarmos na discussão aqui proposta, torna-se pertinente tecer algumas considerações sobre o termo rede social.  

A ideia de rede social começou a ser usada há cerca de um século atrás com o propósito de designar um conjunto complexo de relações entre membros de um sistema social em diferentes dimensões, desde a interpessoal à internacional. Porém, no contexto da sociedade contemporânea, rede social tornou-se um termo massificado em virtude da emergência dos sistemas digitais da informação e da comunicação atualmente disponíveis no contexto da internet e das diferentes plataformas eletrônicas, tais como, computadores (PCs), notebooks, tablets e os smartphones. Esta perspectiva metálica das redes sociais confere a elas novos significados em virtude do papel que elas desempenham nas práticas socioculturais de mundo cada vez mais interconectado.

Silva (2008) argumenta que as redes sociais eletrônicas são inerentemente redes complexas e dinâmicas, uma vez que sua estrutura está em constante mutação, em função das interações entre suas partes e, nesse processo, tanto pode se modificar quanto modificar o todo em que as partes se encontram inseridas, possibilitando assim, a emergência de novos estados organizacionais no sistema. Nesta direção, Rocha (2005, p.1) diz que rede social se configura em uma estrutura auto-organizacional, pois o fato de estarem interligados entre si:

 

[...] permitem a união, a comutação, a troca, a transformação. Estar em rede é uma das condições de possibilidade de nossa convivência neste mundo, dada a necessidade da contínua constituição de grupos comuns em limitados espaços e simultâneos tempos.