Apresentação

Neste segundo volume do vigésimo primeiro número da revista Rua, contamos com 12 artigos em sua seção Estudos, dois trabalhos artísticos na seção Artes, uma resenha e notícias sobre o Labeurb no período de julho a novembro de 2015.


Na seção Estudos, começamos com a contribuição de Mariagrazia Margarito, com seu  Marcher, courir: gestes pour vivre, penser, écrire, no qual a autora traz os gestos de caminhar e correr para o centro de sua reflexão interdisciplinar que alia a Análise de Discurso, à Sociolinguística e às Ciências Sociais, pensando estes gestos como escrituras. Em seguida, contamos com Eni Orlandi que, em seu Linguagem e Educação Social: a relação sujeito, indivíduo e pessoa, nos brinda com uma importantíssima distinção analítico-teórica entre sujeito, indivíduo e pessoa, ao refletir sobre o funcionamento da escola, da transmissão do conhecimento neste espaço discursivo e o discurso da acessibilidade, na conjuntura social em que vivemos. Ao lado deste artigo, segue o de Thiago Manchini de Campos, com seu Revelando o outro: fotojornalismo e representações da pobreza no sertão, no qual procura compreender a materialidade do discurso fotográfico de cunho fotojornalístico e o modo de significação do “pobre” como objeto referido discursivamente, mostrando ao leitor a sobreposição entre a denúncia social e a naturalização de um imaginário sobre a pobreza. De seu lado, em A urbanização de Campinas/SP e a produção de informação nas maiores ocupações da cidade, Helena Rizzatti traz uma excelente contribuição para a compreensão das periferias pobres urbanas brasileiras contrapondo análises de um discurso sobre e de um discurso do Parque Oziel onde se encontram duas das maiores ocupações da cidade de Campinas/SP, pensando a partir do que a autora chama de o funcionamento da urbanização corporativa. Com o foco também no funcionamento das periferias brasileiras, Patrícia Villen procura, em seu O estigma da ameaça ao emprego pelos periféricos na periferia: crise e imigração no Brasil, discutir os motivos pelos quais, apesar de em termos percentuais ser baixo o número de população estrangeira no Brasil, termos ainda a figura do imigrante e do refugiado enquanto uma ameaça ao emprego e, portanto, serem alvos de violência, racismo, xenofobia. Debruçando seus olhares para o comércio como elemento constituinte da dinâmica urbana, Rita Gomes, Soneide Joabio e Alekson Costa, em Atividade Comercial na Zona Norte de Natal: Análise das ruas de comércio tradicional, mostram como a atividade comercial nesses espaços dinamiza a economia urbana da Zona Norte, e permite a reprodução do capital, ao mesmo tempo em que incorpora elementos do cotidiano local. Valdir Silva e Rodrigo Silva, em um movimento entre a rua e o digital, trazem, em Das infovias às ruas: o facebook e as manifestações sociais na perspectiva da teoria do caos/complexidade, as materialidades discursivas que emergiram das manifestações de junho de 2013 no Brasil, no contexto do Facebook, com base nos postulados teóricos do caos/complexidade aplicados no contexto social, mostrando que as práticas sociais realizadas nas infovias e nas ruas foram complementares para o processo de mobilização dos manifestantes. Ainda olhando especialmente para a rua e seus movimentos, Rubiamara Pasinatto, em Do garrafeiro ao catador de materiais recicláveis: o (re) surgimento de um sujeito do projeto urbano, traz uma delicada análise tratando o destino do lixo como uma ferida social na qual estão envolvidos os sujeitos catadores de materiais recicláveis. As diferentes posições–sujeito configuradas no discurso do catador vão ganhando visibilidade nesta análise que alia o social, o político e o histórico à linguagem e ao sujeito. Debruçando-se em um discurso sobre e não do, como no artigo anterior, as autoras Lídia Pereira e Telma Domingues da Silva, analisam propagandas de Estado, em Sentidos (tra)vestidos:a individuação e a constituição do sujeito travesti pelo Estado, trazendo uma forte contribuição para a compreensão do modo como o sujeito travesti é significado e individuado pelo Estado no Brasil, por meio de gestos administrativos que configuram sentido para seu corpo, fazendo parte dos processos de identificação do sujeito travesti. Saindo do discurso de propaganda do Estado e indo para o da música, Ana Cláudia Salles, Olímpia Maluf-Souza e Fernanda Fernandes, em A MPB no regime militar: silenciamento, resistência e produção de sentidos, procuram  compreender as contradições produzidas a partir do discurso musical, dando visibilidade aos efeitos metafóricos pelos quais a língua funciona, refletindo sobre as condições de produção do regime militar brasileiro a partir de 1964. Da língua no discurso da música para a língua no discurso dos museus, acompanhamos Larissa Cervo e seu A língua, os museus e os espelhos, no qual a autora reflete sobre o Mundolingua, um museu parisiense dedicado à língua, às línguas e à linguística, observando o modo como o discurso religioso e o discurso de divulgação científica são confrontados no que tange a explicações sobre a linguagem verbal e a(s) língua(s), no contraponto com o Museu da Língua Portuguesa (São Paulo – SP). Fechando a seção Estudos, e olhando para outro espaço das políticas de línguas para além dos museus, Andréa Weber traz com seu Política de línguas, circulação de jornais e integração em cidades-gêmeas da fronteira, os sentidos políticos inscritos no uso das línguas por jornais locais, a partir de sua circulação nas cidades-gêmeas da fronteira platina e do conceito de integração transfronteiriça, mostrando ocorrer, em geral, uma sobreposição entre língua nacional, nação e área de circulação do jornal.


A seção Artes deste volume conta com a mostra fotográfica Um dia mais verde de Rafael Munduruca e com o conto El Elano de Gabriel Garcia. Na seção Resenhas e Notícias, Aline Bocchi nos apresenta o livro Discurso e sujeito: trama de significantes, organizado por Lucília Maria Abrahão e Souza e Lauro José Siqueira Baldini; e Jorge Abrão nos apresenta as notícias do Labeurb sobre suas atividades no segundo semestre de 2015.


 


Boa leitura!





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