Das infovias às ruas: O Facebook e as manifestações sociais na perspectiva da teoria do caos/complexidade


resumo resumo

Valdir Silva
Rodrigo de Santana Silva



(2006), refere-se à capacidade dos sujeitos, enquanto agentes do sistema, substituírem funcionalmente o outro em situação de desestabilização do sistema, ou seja, um dos sujeitos assume, ainda que momentaneamente, a dianteira do processo, e pode, com isso, reorganizar o sistema. Conforme Silva (2008), trata-se de uma assunção espontânea e, portanto, imprevisível como mecanismo de manutenção da estabilidade do sistema que conforma a rede social. Os SACs, nesta direção, abrigam em seu interior uma inteligência distribuída, que, conforme Levy (1998), configura-se em “uma inteligência distribuída por toda parte do sistema, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências”.

3. As bifurcações das manifestações

Conceito formulado por Prigogine (1988), a bifurcação refere-se às encruzilhadas que produzem ramificações dentro de um sistema. Para o autor, trata-se de determinadas ocorrências que podem significar o fim, a origem e um novo começo do sistema. No entendimento do autor, o futuro evolutivo do sistema não está determinado, pois se encontra imerso na incerteza, aberto e em contínua construção. Ainda sobre a bifurcação, Colom (2004) diz que ela ocorre no instante em que um microfenômeno (por exemplo, um ruído) se repete de tal forma que chega a alcançar grandes magnitudes, fazendo com que o sistema mude o seu rumo evolutivo (nascimento da bifurcação). Dessa forma, segue o autor, a bifurcação se caracteriza como um processo de realimentação positiva, permitindo supor que a origem dos estados caóticos pode, mais tarde, adaptar-se a situações mais equilibradas (estabilizadas), em função da realimentação negativa que diminui ou subtrai as diferenças. Para Silva (2008, p. 48):

 

Um sistema pode ficar estabilizado por um número determinado de tempo até que ocorra uma nova perturbação, como consequência de processos iterativos, e crie uma nova bifurcação. Nessa direção, a bifurcação refere-se ao ponto crítico do sistema, isto é, o momento que pode conduzir a desestabilização do sistema e, no decorrer do tempo, gerar um novo tipo de ordem. As possibilidades das ramificações ou bifurcações apresentam uma variedade de opções de comportamento e, devido ao seu grau de liberdade, o sistema pode apresentar também uma multiplicidade de escolha, tendo, assim, as mais diferentes possibilidades de se auto-organizar.

 

A relação do conceito de bifurcações com as manifestações está exatamente nos compartilhamentos, independentemente dos sentidos que produzem nos sujeitos.