A urbanização de Campinas/SP e a produção de informação nas maiores ocupações da cidade


resumo resumo

Helena Rizzatti



outros fazem sozinhos em computadores na própria casa ou do próprio comércio ou, ainda, na casa de conhecidos.

A começar pelo título do jornal notamos certa conformidade com a visão da região construída pela mídia corporativa e pelo poder público municipal que associam a região do Jardim Campo Belo ao aeroporto e às suas dinâmicas, reduzindo o cotidiano dos seus moradores à proximidade desse macrofixo de transporte. Apesar disso, trata-se de uma forma de comunicação produzida através da apropriação das novas tecnologias da informação e é um material organizado pelos moradores do lugar e sobre o lugar. Consideramos um exemplo de informação ascendente que permite compreender um pouco do território onde é produzido e distribuído esse conteúdo informacional alternativo à grande mídia.

 

O acesso às tecnologias da informação e a readaptação dessas técnicas ao meio em que são implantadas estão sempre presentes nessas atividades. Sem perder de vista que tudo isso é motivado pelo interesse no consumo, primeiramente remete à luta pela sobrevivência que, por si só, é uma resistência aos interesses hegemônicos da urbanização corporativa de Campinas.

Na sequência realizamos a mesma análise na região do Parque Oziel onde encontramos dois elementos interessantes: a rádio comunitária Eloy e o jornal Em Destaque ambos produzidas pelo mesmo grupo de pessoas.

A rádio foi montada pelo Sr. João, em agosto de 2002, e começou como segmento evangélico. Porém, segundo o Sr. João pouco tempo depois, a ABRAÇO-Campinas (Associação Brasileiro de Rádios Comunitárias) soube da existência da rádio e entrou em contato com o organizador explicando a importância da rádio ser aberta a todos os tipos de públicos, por se tratar de um importante meio de comunicação e, a partir daí, o Sr. João decidiu abrir a rádio para todos aqueles que quisessem utilizá-la transformando-a de rádio evangélica em rádio comunitária[1].

 

 



[1] De acordo com Luz (2001) a rádio livre é aquela montada por uma pessoa ou grupo com interesses próprios. Pode ser de esquerda, direita, comercial, anarquista, católica... Foram elas que deflagraram o processo de democratização dos meios de comunicação no país e no mundo. Enquanto a rádio comunitária é uma emissora administrada por um conselho da comunidade, sem fins lucrativos; não pertence a religião, partido ou empresa; seu objetivo maior é o desenvolvimento da comunidade. Conforme a legislação, a rádio comunitária opera em FM. Ela deve ser plural e democrática — tem que abrir espaço para todas as pessoas, todos os partidos, todas as religiões. Não pode fazer proselitismo religioso (propaganda religiosa, catequese). A religião pode pertencer ao conselho comunitário, mas não pode ser a entidade única no conselho, para não caracterizar a propriedade.