Das infovias às ruas: O Facebook e as manifestações sociais na perspectiva da teoria do caos/complexidade


resumo resumo

Valdir Silva
Rodrigo de Santana Silva



Apesar de não termos a intenção de fazermos aqui nenhum juízo de valor sobre a atuação da polícia e dos blackblocs durante as manifestações, podemos assegurar que estes dois fenômenos configuram-se em dois exemplos de atratores estranhos – imprevisíveis – pois não se esperava uma atuação tão violenta por parte dos policiais e também dos blackblocs. Esses dois comportamentos atratores mudaram totalmente e de forma irreversível a rota do sistema, pois muitas das milhares de pessoas, com medo e se sentido inseguras esvaziaram as ruas. A violência nas ruas alimentou os protestos “seguros” nas redes sociais. Esta situação nos remete a Colom (2004) quando diz que o resultado da ordem interna é o caos do conjunto que se auto-organiza em formas ordenadas e que rapidamente se desordena para formar outras ordens, às quais, sucessivamente, se seguirão novas desordens propiciadoras de outras novas ordens.

 

8. Considerações Finais

Para este trabalho tomamos o cartaz Saímos do Facebook como ponto de partida de estudo para uma melhor compreensão da dinâmica complexa das redes sociais e seus efeitos para as manifestações populares ocorridas no Brasil em junho de 2013. Nesse sentido, o Facebook foi a rede social delimitada por nós, em virtude de sua popularidade e, claro, seu papel nas manifestações. Toda a reflexão foi norteada com base nos conceitos dos denominados sistemas dinâmicos, ou seja, sensibilidade às condições iniciais (Efeito Borboleta), bifurcação e atrator estranho.

O estudo possibilitou, em primeiro lugar, perceber que o Facebook enquanto rede social configura-se em um espaço de práticas sociais contemporâneas onde as pessoas se inscrevem para compartilharem objetivos comuns. No entanto, é preciso ressaltar que apesar de suas semelhanças elas guardam traços bastante distintos. Por exemplo, no contexto virtual as redes sociais apresentam um comportamento típico dos Sistemas Adaptativos Complexos, pois podem constantemente se auto-configurarem e se adaptarem às novas realidades, em decorrência da diversidade (HOLLAND, 1997; VAN LIER, 2004) e a redundância (DAVIS e SUMARA, 2006) que conformam suas estruturas, pois elas abrigam em seu interior inteligências distribuídas (LEVY, 1998), que incessantemente mudam e provocam novos formatos, em decorrência do que os sujeitos provocam, quando, por exemplo, postam suas mensagens, seus vídeos, suas fotos, etc.