A urbanização de Campinas/SP e a produção de informação nas maiores ocupações da cidade


resumo resumo

Helena Rizzatti



O sinal da rádio cobre uma área com raio de dez quilômetros, atingindo principalmente toda a Região Sul de Campinas, sendo transmitida para os bairros ao redor do Parque Oziel como o Jardim São José, o Jardim Itajaí, o Jardim Bandeira e chegando até a região do Jardim Campo Belo atingindo assim toda a Região Sul de Campinas, mas não toda a Macrorregião Sul. A rádio possui um telefone para o público se comunicar com os radialistas demonstrando, para seus organizadores, a receptividade do público em relação aos programas. Ela recebe em torno de setenta ligações por dia e, através dessa participação, também é possível afirmar a existência de ouvintes distribuídos por toda a Região Sul. De acordo com o Sr. João em toda essa área que a rádio consegue atingir não há nenhuma outra rádio comunitária, há apenas algumas de segmento evangélico[1]. Para ele o perímetro atingido pela rádio é suficiente não havendo necessidade de um transmissor de maior potência.

Para a montagem da rádio o Sr. João relatou que não é necessário muito equipamento e o capital inicial investido é baixo. O computador, a mesa de controle e outros objetos mais simples (telefone e tocador de vinil, por exemplo) podem ser comprados na própria cidade de Campinas; e os equipamentos mais especializados, como o transmissor e a antena, são comprados na cidade de São Paulo. Devido aos problemas de legalidade da rádio o transmissor é instalado distante do local de transmissão, atitude recorrente com o desenvolvimento dessa tecnologia chamada ‘link de rádio’. A manutenção da rádio é paga via publicidade, ou seja, as pequenas empresas que divulgam vinhetas na rádio pagam um valor que varia bastante de acordo com o horário e o tempo da vinheta.

De acordo com o Sr. João montar uma rádio é fácil, o desafio é fazê-la permanecer existindo devido à ausência de ‘material humano’ que a alimente. Ou seja, faltam pessoas interessadas em fazer programas na rádio, em ouvi-la, enfim alimentá-la para que permaneça existindo. Nota-se nessa análise do próprio mantenedor da rádio a necessidade de resistência para serem criados e mantidos esses meios de comunicação ascendentes. A constante padronização do que é apresentado pela indústria cultural pode levar ao conformismo das pessoas, de forma que só querem consumir sem a busca pela construção, pela novidade e pela própria fala. Reside aqui um dos elementos mais importantes da

 



[1] Um estudo interessante sobre as rádios da Região Metropolitana de Campinas foi realizado por Alves (2008) onde o autor confirma a maior concentração das rádios livres e comunitárias nas periferias pobres da cidade de Campinas e a predominância do segmento evangélico entre elas.