Do garrafeiro ao catador de materiais recicláveis: o (re) surgimento de um sujeito do projeto urbano


resumo resumo

Rubiamara Pasinatto



encontro desta língua com a história. Esta perspectiva analítica surgiu na França, na década de 60, com Michael Pêcheux. Inicialmente denominada como AAD (Análise Automática do Discurso) e, posteriormente AD (Análise de Discurso), passou por épocas distintas, que motivaram algumas renovações em algumas categorias da disciplina.

Segundo Pêcheux e Fuchs (1990), a Análise de Discurso, a partir deste momento também designada neste estudo de AD, está articulada entre três regiões do conhecimento científico: o Materialismo Histórico, a Linguística e a Teoria do Discurso. “[...] estas três regiões são atravessadas e articuladas por uma teoria da subjetividade de natureza psicanalítica.” (PÊCHEUX; FUCHS, 1993, p. 163).

É justamente por se articular entre estas áreas do conhecimento, que a AD é considerada uma disciplina de entremeio, que de acordo com Orlandi (2010), não adota o método e o objeto de nenhum destes campos do saber, pois tem objeto e método próprios, tocando os bordos da linguística, da psicanálise e do marxismo.

Orlandi (2010) ressalta que esta disciplina parte do texto, não sob o ponto de vista da textualidade, mas a partir da premissa das palavras em movimento, ou seja, busca compreender a língua fazendo sentido. A analista de discurso comenta que “[...] o texto [...] apresenta início, meio e fim, porém, quando se vê [...] enquanto discurso reinstala-se imediatamente sua incompletude, [...] nem o discurso, nem o sujeito, nem o sentido são completos.” (ORLANDI, 2010, p.22).

Diante disso, recorremos a Pêcheux (1990) que afirma que o discurso é ao mesmo tempo então estrutura e acontecimento e não há como seccioná-los, pois a estrutura, lugar de um saber já estruturado, permite o emergir do acontecimento.

Acompanhamos desta maneira, que a AD propõe que o texto passe a ser visto como discurso do ponto de vista de seu funcionamento, ou seja, como um objeto simbólico que gera efeitos de sentidos. Este processo é resultante da relação dos sujeitos simbólicos que habitam o discurso e os efeitos se dão porque são sujeitos dentro de certas circunstâncias (contextos) e afetados pelas suas memórias discursivas (histórico-social e ideológico). Emerge a partir disso um conceito que precisamos esclarecer: o de condições de produção.

Segundo Orlandi (2001) as condições de produção são aspectos dos quais um discurso não pode ser visto distante, já que são elas que o definem e incluem o sujeito, a memória discursiva, as relações de força, o interdiscurso, a formação discursiva, entre outras categorias.