A pátria (s)em chuteiras: reescritas do Brasil na Copa das Confederações


resumo resumo

Júlia Almeida



somam a um enorme acervo de iconotextos propriamente digitais: memes, tiras, textos, depoimentos etc. compartilhados no volumoso fluxo que as redes sociais fazem circular.

Sem falar nas notícias e artigos de opinião que os órgãos de imprensa nacionais e internacionais passaram a disponibilizar ao leitor, a partir do dia 17 de junho, revertendo o estado de silenciamento que parecia querer se instalar pela cobertura limitada do protesto do Comitê Popular da Copa Copa para quem? em Brasília, antes da abertura da Copa das Confederações, que aparecia mais detalhado em notícias internacionais do que na voz dos jornalistas brasileiros, assim como as vaias na abertura do evento durante as falas do Presidente da Fifa, Joseph Blatter, e da Presidente Dilma Roussef,  que foram cortadas na edição oficial feita pela TV Globo, transmissora oficial do evento, o que parecia demonstrar que viveríamos um apagamento das formas de protesto que transbordassem o padrão Fifa dos grandes eventos.

Tudo isso mudou de um dia para o outro. A impressionante manifestação em todo o país na segunda-feira, dia 17 de junho, convocada pelas redes sociais, e as que se seguiram ao longo da semana, fizeram com que as emissoras de televisão mudassem sua programação para incluir transmissão e comentário ininterruptos das manifestações nos finais da tarde, mudando também o “tom” dos comentários visivelmente contrários da primeira semana de protestos: agora manifestações democráticas, pacíficas, “ordeiras”, em que agem pequenos grupos isolados mais violentos de “vândalos”, que são exibidos detalhadamente na maior parte do tempo da cobertura jornalística.

O que se pretende analisar desse processo não são as características desses movimentos sociais novos que “saem do facebook e que levaram milhares de pessoas às ruas em centenas de cidades do país, o que é papel das ciências sociais, mas realizar uma análise dos discursos que os slogans (mas também os memes outros textos da internet) colocam em confronto, especialmente a partir das relações que estes estabalecem com enunciados que se constituíram no país em diversos domínios, das artes às ciências, no sentido de compreender o Brasil como nação, povo, especificidade, identidade, e que o historiador Durval Muniz Albuquerque Jr. (2011), em um viés foucaultiano, trata como dispositivo da nacionalidade ou formação discursiva nacional-popular. Aproximamos esse dispositivo do que a análise do discurso brasileira compreendeu como discurso fundador, propondo que na relação com a linguagem e com os sentidos constitui-se o que chamamos de identidade nacional (ORLANDI, 1993). Considerando que essa identidade nacional é também resultante de apropriações