A urbanização de Campinas/SP e a produção de informação nas maiores ocupações da cidade


resumo resumo

Helena Rizzatti



espaços luminosos e espaços opacos nos quais não só a infraestrutura urbana e os problemas sociais demonstram essa desigualdade, como, também, as desigualdades do acesso à informação nas diferentes parcelas da cidade. De acordo com Santos & Silveira (2001, p. 264) consideramos que “espaços luminosos [são] aqueles que mais acumulam densidades técnicas e informacionais, ficando mais aptos a atrair atividades com maior conteúdo em capital, tecnologia e organização”; por sua vez nos espaços opacos essas características estão ausentes havendo uma gama de situações entre esses dois extremos.

A informação, nessa análise, é considerada uma variável-chave do atual período histórico, denominado por Santos (1999), como período técnico-científico-informacional. Nesse contexto da urbanização mundial é possível distinguir a existência de círculos de informações destinadas à produção e de círculos de informações banais, associadas ao cotidiano[1]; ambas informações são em larga medida manipuladas por grandes empresas, porém, a segunda é menos restrita e se capilariza no território (SILVA, 2001). Nesse universo de informações banais podemos, por exemplo, destacar a produção e a veiculação de notícias, monopolizadas por grandes grupos de comunicação e associadas ao consumo e à indústria cultural. São informações hierárquicas, que atingem verticalmente os lugares e, por isso, conforme Santos (2000b), seriam informações descendentes. Mas, entre as informações banais também se destaca uma pluralidade de meios e agentes (antigos e novos) que organizam informações políticas, econômicas, culturais, ao lazer, entre outras, mais destinadas à construção da cidadania, à produção de um sentido político-cultural (idem). Tratar-se-iam de dinamismos mais arraigados ao lugar, ao dilema da sobrevivência, da resistência e da reprodução e constituiriam informações ascendentes. Esses círculos de informação se misturam, trazem novos conteúdos ao espaço geográfico, tornado campo de conflitos entre forças descendentes e ascendentes (idem).

De acordo com Santos (1999, pp. 21 e 22) “o saber local, que é nutrido pelo cotidiano, é a ponte para a produção de uma política, (...) o cotidiano é a realização das pessoas e, quem sabe, também das instituições e das empresas nos lugares”. Em contrapartida “na ação hegemônica predominam o pensamento operacional e pragmático, assim como, a redução dos ideários democráticos aos ritos formais da política”, como



[1] De acordo com Lefebvre (1980, p. 250) “O quotidiano possui o privilégio de arcar com o fardo mais pesado. Se o poder ocupa o espaço que gera, o quotidiano é solo sobre que se erigem as grandes arquiteturas da política e da sociedade”. De acordo com Santos (1999, p. 17) “o espaço teria uma quinta dimensão, a do cotidiano, que permitiria exatamente chegar à ideia de ação comunicacional”.