Linguagem e educação social: a relação sujeito, indivíduo e pessoa


resumo resumo

Eni Puccinelli Orlandi



 

Temos considerado, discursivamente, que a identidade não é uma essência que carregamos, ela resulta de processos de identificação. O sujeito individuado inscreve-se, por suas práticas simbólicas, em uma ou outra formação discursiva, identificando-se com este ou aquele sentido, constituindo-se em uma ou outra posição sujeito na formação social (patrão, empregado, traficante, aluno, pessoa com deficiência, ou professor, etc. com seus sentidos.).

Em uma posição em que levamos em conta não só o imaginário social, mas também as condições de produção dos sujeitos e dos sentidos, podemos dizer que não se nasce intolerante, torna-se intolerante, ou não se nasce aluno, torna-se aluno, e, do mesmo modo, não se nasce uma pessoa com deficiência (o que isto significa?) torna-se pessoa com deficiência em um processo que envolve o indivíduo, seu assujeitamento, sua individuação pelo Estado, as imagens que o envolvem socialmente, e o modo como ele se identifica e é identificado, significado, etc. A forma, portanto, como este sujeito é individuado e se identifica ou é identificado como pessoa com deficiência resulta de um longo e complexo processo de significação, de identificação, em que ele é falado, significado, pela ideologia que o interpela e pelas instituições e discursos que o dizem. Entre as instituições que promovem este processo está a Escola e o ensino.

Daí, torna-se importante pensar a educação, como educação social, pois é neste processo de socialização que o indivíduo, posto na relação da escola e do conhecimento, elabora-se em suas possibilidades de sentidos e de sua identificação, entre elas, a de sua posição-sujeito pessoa com deficiência.