A urbanização de Campinas/SP e a produção de informação nas maiores ocupações da cidade


resumo resumo

Helena Rizzatti



escreve Ribeiro (2004, p. 42). Essa autora esclarece também que (idem, pp. 45 e 44) “o lugar é o cotidiano mas, é, ao mesmo tempo, os futuros nele contido. (...) lugar e saber encontram-se implicados nos projetos que visem à territorialidade cidadã, resistente à alienação territorial originada da apropriação antidemocrática de recursos” (destaques do original).

Com base nisso, afirmamos que a produção de informações ascendentes é uma possibilidade de resistência às mazelas causadas pela desigualdade socioespacial, inclusive à desigual distribuição das informações no território. Constituem o que chamamos de densidade comunicacional que faz referência ao “tempo plural do cotidiano partilhado, é o tempo conflitual da co-presença” (SANTOS, 1996, p. 203). Ao se comunicar e ao produzir informações sobre o lugar e para o lugar onde moram, os pobres trocam saberes e conhecimentos que podem permitir uma melhor compreensão do mundo e certa desalienação imbuída, em grande medida, pela realidade manipulada pelas grandes corporações da mídia.

Para esse artigo, pesquisamos a produção de informação descendente e ascendente nas duas maiores ocupações urbanas da cidade de Campinas, a região do Jardim Campo Belo e a região do Parque Oziel, numa área que delimitamos como Região Sul, uma parte da zona opaca da cidade. Ambas foram ocupadas no mês de fevereiro de 1997 e possuem, hoje, respectivamente, 50 mil e 30 mil pessoas aproximadamente (RIZZATTI, 2014). Distam dez quilômetros uma da outra sendo que a ocupação do Parque Oziel fica a cinco quilômetros do centro de Campinas e a do Jardim Campo Belo se localiza no limite Sul da cidade, a 15 quilômetros do centro, próxima ao Aeroporto Internacional de Viracopos.