A urbanização de Campinas/SP e a produção de informação nas maiores ocupações da cidade


resumo resumo

Helena Rizzatti



(FONSECA, 2011). Ao mesmo tempo, através da realização de trabalhos de campo, buscamos os jornais, as rádios e os pontos de acesso à internet existentes nas ocupações[1] para saber como os moradores se organizaram para produzirem seus próprios meios de comunicação e informação e, nesse momento, ganha destaque a região do Parque Oziel onde há um jornal e uma rádio local que atingem a maior parte da periferia de Campinas se destacando como um veículo informacional nessas áreas.

Na primeira etapa do texto realizamos uma curta explanação sobre a compreensão teórica da informação, da comunicação, do saber e do conhecimento; na sequência analisamos a produção de informação descendente com ênfase nos conflitos vividos na região do Jardim Campo Belo com interesses nacionais em jogo, devido à necessidade de expansão do Aeroporto Internacional de Viracopos que exigia a remoção da população dessa ocupação; e, por fim, analisamos a produção de informação ascendente existente nas duas regiões estudadas.

Informação e comunicação no período contemporâneo: uma síntese

Para compreendermos a produção e a difusão da informação na atualidade faz-se necessário abordar o que é a informação, o conhecimento, o saber e a comunicação. Todas essas dimensões-conceitos só existem na realidade de forma híbrida, sendo o isolamento delas um recurso analítico para tentarmos entender seus desdobramentos na realidade.

Podemos considerar que “o conhecimento é o resultado de um aprendizado social, pois que ele é antes de tudo conhecimento das determinações socialmente constituídas” (GORZ, 2005, p. 79). O saber, por sua vez, está mais relacionado com a capacidade de cada um de aprender a partir das situações do cotidiano. De acordo com Gorz (2005, p. 12), o saber é composto pela “atividade social que constrói relações comunicativas, não submetidas a um comando”. Nota-se, então, uma diferença essencial entre os saberes e os conhecimentos: enquanto estes últimos podem se voltar a atender à ação hegemônica, os saberes valorizam e provém do cotidiano e respondem às necessidades que nele surgem, sendo, muitas vezes, uma maneira de resistir às ordens vindas de fora do lugar (SANTOS, 1996).

 

 



[1] Toda a área ao sul da Rodovia Anhanguera em Campinas, ou seja, toda a zona opaca da cidade, só possui acesso à internet através de rádio. Trata-se de uma maneira precária de acesso, pois a velocidade é muito reduzida e a manutenção da comunicação é instável, posto que a transmissão é feita através do espectro eletromagnético, meio que possui muitas interferências na comunicação. É por esse espectro que é realizada a transmissão de rádio no Brasil, até o momento. Em comparação à banda larga, instalada em toda a parcela ao norte da Via Anhanguera, em Campinas, que utiliza as fibras óticas para a conexão com o meio virtual realizado, assim, com maior velocidade e qualidade do que a conexão via rádio.