Sentidos (tra)vestidos: a individuação e a constituição do sujeito travesti pelo Estado


resumo resumo

Lidia Noronha Pereira
Telma Domingues Da Silva



 

Cartaz 02: Campanha de Carnaval “transgênero

 

 

Analisando o primeiro cartaz, consideramos em A o locutor SUS (o Sistema Único de Saúde, enquanto instituição responsável pela saúde), que se dirige ao cidadão no sentido de uma política pública promovida a partir do Ministério da Saúde, como órgão que compõe o Estado no Brasil. Ou seja, é o Estado, enquanto instituição máxima de poder, que se afirma enquanto tal, através de um de seus Ministérios, de modo que podemos considerar que é o Estado que se responsabiliza por esse texto, através de suas inscrições no cartaz: “SUS”, “Ministério da Saúde”, “País rico é país sem pobreza”.

Segundo Orlandi (2004), a posição de autoria constitui-se a partir do lugar de interpretação, definido pela relação entre interdiscurso e interlocutores. Assim, propomos dizer que, neste caso de análise, o Estado determina seu lugar de interpretação a partir da memória do dizer (interdiscurso) sanitarista, através do Ministério da Saúde, em uma relação com o seu interlocutor, a população brasileira, no geral, mas, mais especificamente, no caso do material aqui analisado, com uma parcela dessa população significada como um indivíduo “travesti.

Vemos, então, que o Estado, assumindo a função-autor a partir da memória discursiva da saúde pública, indaga sua população e a significa, uma vez que historiciza seu discurso através da repetição, inscrevendo-se na memória do dizer.  Interessante observar o que Orlandi (idem) coloca a respeito do efeito de fechamento do texto que, embora necessário, é dúbio e arbitrário (p. 76). Faz parte desse efeito de fechamento a