No leva-e-traz da política científica: Uma interrogação sobre as “relações sociais”


resumo resumo

Eni Puccinelli Orlandi



condições de produção da existência destas mulheres, as palavras pensar no futuro, decisões e resultados, ganham sentidos particulares. Porque pensar o futuro, se estamos observando um empresário e sua propriedade (ardil) não significa o mesmo quando observamos uma mãe solteira, expulsa pela família, tendo um filho para criar estando completamente sozinha e na rua (invenção). São estas as condições de produção que causam uma fuga de sentidos (E. Orlandi, idem).

E aí talvez esteja o que estamos procurando nesta reflexão: a importância da natureza do laço nos leva a interrogar a natureza das estratégias de vida, as artimanhas e são estas que dão o sentido ao laço, que nos indicam finalmente a natureza destes laços: elas são um grupo, não um saco de batatas. Saimos portanto do ”o que?” (os laços) e chegamos ao como: as artimanhas, as estratégias de vida, a invenção. E, em uma posição materialista, aí está o real concreto dos laços sociais que não podem ser definidos como se fossem sempre a mesma coisa: relações entre sujeitos de uma sociedade. Que relações? De que natureza? Visíveis ou não visíveis? Etc Tudo isso define o laço social, este que sempre existe, mesmo em condições absolutamente desfavoráveis, quando falar em relações sociais não cabe, se queremos que o sentido seja exato.

 

Presenças

Não gostaria de concluir esta reflexão sem fazer um comentário de método. Que traz para a reflexão o lugar de pesquisa que construímos enquanto estivemos com estas mulheres. E que traz junto a ideia de presença que afeta o que consideramos como grupo social. Não posso deixar de observar que há muito de inesperado e que me leva a perceber eu mesma de outra forma “lá”: efeito deste real (“lá”) na teoria e em nós mesmos. Estas mulheres com quem trabalhamos foram estabelecendo modos de estar com a gente que faz com que a gente se exponha, não só em nosso projeto, mas nos conhecendo mais na relação que estabelecemos e que nos ajudam a estabelecer novos patamares de compreensão e a abrir novas questões disso que encontramos como objeto de compreensão, eu diria mesmo deste outro objeto de compreensão, já deslocado, desse grupo social. O que é este grupo social, constituído nesta relação? Um grupo social que está trazendo uma nova forma de se relacionar com a gente, com isto que está do lado de fora do próprio grupo. Nós.

No “lugar de pesquisa”, “lá”, cada palavra tem o peso de um conceito. A relação da minha “presença” com a presença, no mundo delas. Presença: conceito em