A urbanização de Campinas/SP e a produção de informação nas maiores ocupações da cidade


resumo resumo

Helena Rizzatti



A comunicação, de acordo com Raffestin (1993), acontece por meios interpessoais e informais, considerados meios de grande valor, por serem capazes de criar novos conteúdos no espaço geográfico, dificilmente controlado. Já para Santos (1996), comunicar é o ato de colocar em comum e, para tanto, se faz necessário que os indivíduos compartilhem experiências, vivam cotidianos parecidos, logo, a comunicação necessita de um território contíguo, assim como, a densidade comunicacional. Segundo o autor supracitado a análise das densidades técnica, informacional e comunicacional podem ser essenciais para compreender grandes cidades e metrópoles da periferia do sistema mundo autal. As duas primeiras são compreendidas como os diversos graus de artifício e de exterioridade, enquanto a densidade comunicacional refere-se ao “tempo plural do cotidiano partilhado, é o tempo conflitual da co-presença” (idem, p. 203). Como aponta Alves (2010, p. 07) em estudo sobre o circuito fonográfico de Campinas, “Da comunicação entre os indivíduos, acreditamos emergir formas de pensar e agir no território a partir de um projeto alternativo à racionalidade hegemônica. A informação e a comunicação têm capacidade de ordenação social, (...) ou seja, são entes de fundamental importância no contexto urbano contemporâneo”. E a produção de informações em jornais locais e rádios comunitárias ou livres é uma demonstração da importância da comunicação e da informação no uso do território.

Por outro lado, de acordo com Gonçalvez (1994), “o conceito de informação pressupõe um estado de consciência sobre fatos ou dados”, ou seja, a partir do dado ou fato bruto constrói-se um entendimento do mesmo. Como esclarece Mattelard (2005), para informar é necessário a instalação das tecnologias da informação, ou seja, de canais que permitam a transmissão da informação, sem a necessidade da existência de laços em comum entre os indivíduos, e possível de ser controlada sua difusão. Ainda sobre a questão, Santos escreve que

 

A informação é privilégio do aparelho do Estado e dos grupos econômicos hegemônicos, constituindo uma estrutura piramidal. No topo, ficam os que podem captar as informações, orientá-las a um centro coletor, que as seleciona, organiza e redistribui em função do seu interesse próprio. Para os demais não há, praticamente, caminho de ida e volta. São apenas receptores, sobretudo os menos capazes de decifrar os sinais e os códigos com que a mídia trabalha (SANTOS, 2000a [1987], p. 127).