Do garrafeiro ao catador de materiais recicláveis: o (re) surgimento de um sujeito do projeto urbano


resumo resumo

Rubiamara Pasinatto



um sujeito dividido entre as diferentes posições sujeito que sua interpelação ideológica lhe faculta [...]. (INDURSKY, 2008, p. 82, 83).

Chegamos então à posição-sujeito da Análise de Discurso, que para Pêcheux (1995), é a relação de identificação entre o sujeito enunciador e o sujeito do saber (forma-sujeito).

Neste ponto, é necessário recorrermos a Courtine (1982), que retoma as reflexões de Pêcheux acerca da forma-sujeito e, por sua vez, da posição-sujeito, propondo que a mesma se dá pelo funcionamento polêmico do discurso, no qual o sujeito universal (do saber) é interpelado pelo sujeito ideológico e, ao mesmo tempo em que se identifica com o sujeito que enuncia, assume uma determinada posição.

Desse modo, como apresentamos, discutir sujeito é dar margem ao sócio-histórico e ao ideológico, considerando sempre que o lugar que ele ocupa na sociedade influencia diretamente naquilo que ele diz.

Na sequência do estudo abordaremos o sujeito a partir de uma discussão acerca do momento em que se inscreve em uma determinada formação discursiva e passa ao lugar discursivo. Entendemos que na prática essa divisão não acontece, mas optamos por isso apenas por uma questão de organização conceitual.

 

  1.          Sujeito: da situação empírica ao lugar discursivo

Diante da afirmação de que o lugar social do sujeito influencia diretamente naquilo que ele enuncia, não há como abordarmos o sujeito e as posições que ele pode ocupar no discurso, sem mencionar sua relação com o mundo, já que ele se projeta de uma situação social, aquela que ocupa no mundo, para dentro do discurso.

Orlandi (1999) propõe que “[...] o sujeito, na análise de discurso, é posição entre outras, subjetivando-se na medida mesmo em que se projeta de sua situação (lugar) no mundo para sua posição no discurso [...].” (ORLANDI, 1999, p. 17). Ainda dentro desta perspectiva, salienta que a materialidade dos lugares dispõe a vida dos sujeitos, e, neste instante, a resistência destes constitui outras posições que materializam outros lugares.

Ao se identificar com determinados saberes, e se inscrever em uma dada formação discursiva, o sujeito passa de empírico para discursivo.

 

Na passagem para o espaço teórico, [...] para o espaço discursivo, o lugar social que o sujeito ocupa numa determinada formação social e ideológica, que está afetada pelas relações de poder, vai determinar o seu lugar discursivo, através do movimento da forma-sujeito e da própria formação discursiva com a qual o sujeito se identifica. (GRIGOLETTO, 2005, p. 158).