Mariza Vieira da Silva Claudia Castellanos Pfeiffer
massiva decartilhaspara a divulgação e circulação da informação e do conhecimento em nossa sociedadeparaos seus cidadãos, sejam elescrianças, jovens ouadultos.
Althusser (1980),em seu trabalho sobre os aparelhos ideológicos do Estado, mostra como a Escola, o principal desses aparelhos, assegura a reprodução da força de trabalho, pela competência epela qualificação, que se produz pela divisão técnica e social do trabalho de forma que cada sujeito possa ocupar determinado lugar na estrutura social.AEscolaé, pois,umaInstituição do Estado em que se ensina-aprende saberes práticos e, ao mesmo tempo, comportamentos, costumes ou, dizendo discursivamente,é umespaço-tempo de um saber-fazer em que se dão processos de individuação do sujeito na relação com a escrita ecomo conhecimento.Quanto a isso,Pêcheux &Gadet(2011) chamama nossa atenção para a interpretação funcionalista que se deu ao termo “reprodução”,presente notextode Althusser,como a de “repetição eterna de um estado idêntico de coisas”, bem como à noção de“ideologia”.Paraesses autores, a ideologia do pontode vista das “relações de reprodução”, em uma perspectiva marxista,implica em considerá-la também “do ponto de vista daresistênciaà reprodução, ou seja, da perspectiva de uma multiplicidade de resistências e revoltas heterogêneas que se entocam na ideologia dominante, ameaçando-a constantemente” (Idem,ibidem, p. 96).
Podemos, então, pensarqueessa tomada de um instrumento linguístico-pedagógico e, ao mesmo tempo, um objeto discursivo,para a divulgação da informação e doconhecimento em nossa sociedade, como acartilha, implica em um trabalho de memória que “produz efeitos ideológicos que emergem da dominação e que trabalham contra ela por meio das lacunas e das falhas no seio dessa própria dominação” (Idem, ibidem,p. 97).
O meio ambiente e as cartilhas temáticas
Nesse caminho de exploração, e não de solução de contradições que sustentam esse jogo, podemos, no âmbito desse trabalho,avançar nossa reflexão e análise em algumas direções, que se articulam: 1. aescrita produz textos, trazendo para a cena enunciativa(MAINGUENEAU, 1989)a leitura e o sujeito, que lê, que interpreta; 2. a Escola será um dos lugares a regular e controlar a divisão desse trabalho de interpretação para/entre sujeitos;3. acartilhade alfabetizaçãodesencadeia a construção de uma relação entre língua e conhecimento: entre o sujeito que sabe “a” língua e o sujeito que sabe “sobre” a língua, que desliza, nessas outras cartilhastemáticas