das coisas. Anunciada em 2005, no relatório da internet da União de Telecomunicação Internacional, a internet das coisas profetizava que os microchips se tornariam tão abundantes que sistemas inteligentes se espalhariam aos milhões por todo o ambiente, transformando paredes, móveis, carros, casas e a cidade inteira. Em 2008, Van Kranenburg, no pequeno volume The internet of things, desenvolveu pioneiras discussões sobre ambientes inteligentes inseridos no tecido da vida cotidiana. Conforme já adiantei (SANTAELLA, 2008, p. 100), àconexão de pessoas em qualquer tempo e em qualquer lugar, soma-se a conexão de objetos inanimados às redes de comunicação. O uso de etiquetas de rádio frequência (RFID) e sensores são os meios que possibilitam estender o potencial de comunicação e de monitoramento da rede das redes, concedendo poder computacional às coisas que nos rodeiam.
Em 2007, Crang e Graham estendiam o atributo “senciente” para as cidades, no artigo voltado para “Sentient cities: Ambient intelligence and the politics of urban space”. Na apresentação do texto, os autores são eloquentes:
Quantidades crescentes decapacidade deprocessamento de informaçãosão incorporadas noambiente que nos rodeia. A paisageminformacional étantoum repositório dedados como também se comunicacada vez maise processa a informação não mais confinada adesktops. Muitosobjetos do cotidianoagoraincorporamo poderde processamento do computador, enquanto outros são ativados por meio de sensores,transponderse processadores.Oprocessamento distribuídonomundo que nos rodeiaé visto como um ambiente de computação pervasivaouubíqua: um mundo deinteligência ambiente, acontecendo ao nosso redornaperiferiada nossaatenção, em que o meio ambiente não éum pano de fundopassivo, masum agente ativona organização devida cotidiana.Os espaçosem torno de nósestão sendo continuamenteforjados ereforjadosemprocessos informacionaise comunicacionais.É um mundo em que não sópensamos ascidades, masas cidadesnos pensam, onde o ambientemonitorareflexivamentenosso comportamento. (idem)
Pouco tempo depois, em 2010, Mark Shepard, no seu The sentient city survival kit, apresentou um projeto de investigação sobre as implicações sociais, culturais e políticas da computação ubíqua para os ambientes urbanos. A ubicomp (computação ubíqua), além de carregar um sentido técnico, computacional (SANTAELLA, 2013, p. 16-18), também dá nome a um paradigma de pesquisa pós-desktop que Mark Weiser desenvolveu na XeroxParc, em Palo Alto, já no final de 1980, visando integrar processamento de informações a objetos do cotidiano e ambientes, ou seja, a internet das coisas, que Shepard entendeu como expandida aos espaços urbanos. “Quando o computador sai do desktop e pinga nas calçadas, nas ruas e nos espaços públicos da