A urbanização de Campinas/SP e a produção de informação nas maiores ocupações da cidade


resumo resumo

Helena Rizzatti



(telecomunicação e radiodifusão) “eram igualmente considerados infraestrutura de natureza pública, sendo diretamente controlados pelo Estado” (ibidem, grifo do original), pois sabia-se já que o controle dessa informação por alguns agentes impediria uma alocação ‘ótima’ de investimento e gasto para o consumo, sendo prejudicial ao próprio mercado a desigualdade de acesso a tal recurso. Nas palavras de Mattelard (2005, p. 15) “A informação e o saber são cada vez mais tratados como um bem imaterial e apropriável”. Esse autor afirma ainda que, apesar de tecnicamente termos capacidade de atingir uma globalização solidária “a distância permanece enorme entre as capacidades virtuais da técnica e a exequibilidade geopolítico-econômica de sua mobilização, a serviço da luta contra as desigualdades sociais” (MATTELARD, 2005, p. 4). E quando analisamos as diversas parcelas da cidade de Campinas, sua desigualdade socioespacial, fica nítida essa diferenciação da distribuição técnica capaz de receber informações, ou seja, do meio técnico-científico-informacional[1].

Lojkine (1995) também nos atenta para a importância da partilha da informação por toda a sociedade e considera sua concentração uma perversidade para com a sociedade mundial. O autor diz que

 

é preciso (...) reconhecer a gravidade da situação que, hoje, opõe os detentores quase exclusivos de informações estratégicas, as poucas metrópoles que concentram os grandes centros de pesquisa e de formação, à massa dos países, onde ainda impera o analfabetismo e que se arriscam a ser excluídos das economias da informação (...) o desafio central [em escala mundial] da revolução informacional: a partilha da informação, da qual a apropriação privada e o monopólio social são também uma fonte de ineficácia e de paralisia mesmo para aqueles que a monopolizam. (...). Os serviços informacionais não estão isolados na esfera do material – ao contrário, requisitam suportes físicos, verdadeiros meios de consumo coletivos, que remetem a um consumo que não é final nem produtivo, mas que, no entanto, intervém de modo decisivo no crescimento e na produtividade global do trabalho (Pp. 236, 237 e 259, grifo do original).

 

 



[1] Segundo Santos (1996, p. 238) “esse período se distingue dos anteriores pela profunda interação entre ciência e técnica que vai se dar sob a égide do mercado. Os objetos técnicos tendem a ser também informacionais, já que graças à extrema intencionalidade de sua produção e localização, eles já surgem como informação”.