Linguagem e educação social: a relação sujeito, indivíduo e pessoa


resumo resumo

Eni Puccinelli Orlandi



Como o capitalismo divide e atribui sentidos discriminatórios às diferenças, uma educação que se quer diferente navega em pleno na contradição.

Aqui podemos considerar a questão da diferença quando se trata do corpo. A da pessoa com deficiência, como referimos. Para tratar desta questão, que implica a materialidade do sujeito com seu corpo e sentidos, podemos compreender a definição do corpo, considerando a produção de um imaginário, na interpelação ideológica do indivíduo em sujeito em sua materialidade, e nos modos de sua individuação que presidem seu processo de identificação: posição-sujeito pessoa com deficiência. Temos, assim, a pessoa, ou seja, como dissemos acima, o ser humano já “dotado” de direitos e obrigações. Neste caso, pensando a materialidade do sujeito, o corpo é o corpo vivido pelo sujeito nas suas condições sócio-históricas. Podemos dizer que este sujeito, a pessoa com deficiência, se significa, no corpo a corpo com a formação social. Assim, é preciso que o processo de formação deste sujeito, o confronte com a ilusão do democratismo, pela tomada em conta da sociedade dividida que estabelece as formas de significar, em que as diferenças podem ser, e, nestas condições frequentemente o são, significadas como deficiência, logo, como o a-menos.[4] As relações sociais são relações de poder, simbolizadas, ou seja, politicamente significadas. Desse modo, a questão da educação da pessoa com deficiência não escapa ao político e às relações sociais que são assim simbolizadas. É nesse processo de simbolização e nessas relações políticas significadas que a posição-sujeito pessoa com deficiência se inscreve no processo de ensino.

 



[4]Este texto resulta de um processo de reflexão e de práticas que fazem parte de nossa parceria com Eliana Ferreira e sua equipe no NGIME na UFJF/MG, parceria em que desenvolvemos todo um trabalho de pesquisas, discussões teóricas e metodológicas em torno da educação, eu diria da educação social, na formação de professores de alunos considerados como pessoas com deficiência. Programa de trabalho sustentado pela SECADI/MEC.