A urbanização de Campinas/SP e a produção de informação nas maiores ocupações da cidade


resumo resumo

Helena Rizzatti



informação? A quem e a quais objetivos ela atende? Já que é necessário dotar o território de técnicas que permitam sua circulação, há então intenções ao se investir capital para tal fim. A informação é uma mercadoria e como tal possui valor, entretanto, trata-se de uma mercadoria não-material, logo, de difícil determinação do valor de troca (GORZ, 2005). Nas palavras de Santos & Silveira, “Estaríamos autorizados (...) a entender a informação como um recurso, com áreas de abundância e áreas de carência” e, como um recurso, está distribuído de forma desigual pelo território constituindo os espaços luminosos e os espaços opacos.

Na sequência analisamos como os círculos de informações descendentes, produzido pelas grandes corporações da mídia, tem capacidade de formar uma imagem sobre um lugar e sua população que atenda aos interesses políticos e econômicos dos agentes hegemônicos do processo de globalização.

 

Informação descendente na região do Jardim Campo Belo[1]: a mídia a serviço de interesses hegemônicos

A partir da análise das notícias veiculadas pelo jornal Correio Popular, produzido pela RAC, maior empresa de informação do interior do Estado de São Paulo, notamos que o conteúdo da maioria das manchetes[2] publicadas, entre 1997 e 2009, sobre a região do Jardim Campo Belo negam uma visão abrangente dos fatos aos cidadãos devido à “tendência a apenas ampliar certos aspectos da realidade, cuja escolha para a exibição pública é com frequência ligada ao mundo da política e dos interesses [hegemônicos]”, como afirma Santos (2000a [1987], p. 17).

Observa-se no Quadro 1 abaixo uma síntese dos assuntos noticiados sobre a região, entre os anos de 1997 e 2006. No ano da invasão, em 1997, foram publicadas 4 notícias sobre a região; entre os anos de 1998 e 2005, período no qual a ocupação de estabilizou atingindo um contingente populacional próximo ao atual, ao redor de 50 mil pessoas, foram publicadas apenas duas notícias sobre a área. É nítida a intenção de tornar essa parcela do território e seus moradores invisíveis, silenciar sua existência e seus diversos problemas sociais, quando o principal jornal da cidade passa sete anos sem publicar praticamente nenhuma notícia sobre essa área e seus moradores; e simplesmente



[1] Para essa parte da análise exporemos apenas a região do Jardim Campo Belo por passar uma situação bastante emblemática para a discussão trazida nesse artigo. Foi possível constatar uma situação parecida na região do Parque Oziel, porém ultrapassaria o limite de espaço do artigo apresentá-la.

[2] Destacamos as manchetes pois, como é afirmado e descrito por Abramo (2003, p. 23), são elas que mais influenciam na compra dos jornais, logo, na chegada dessas informações à população.