Das infovias às ruas: O Facebook e as manifestações sociais na perspectiva da teoria do caos/complexidade


resumo resumo

Valdir Silva
Rodrigo de Santana Silva



realidade das coisas da sociedade e da cultura do mundo físico. Na verdade, estes nativos e emigrantes digitais (PRENSKY, 2014), estão na interface do mundo real. Movem-se com desenvoltura entre os dois mundos que conformam a realidade contemporânea, a qual ainda pouco entendemos e que por esta razão, não é compreendida. Não podemos apagar o que já é constitutivo de uma parcela considerável da sociedade. Ela é a vanguarda do mundo contemporâneo altamente conectado.

As dinâmicas relacionadas às manifestações de julho de 2013, virtuais ou reais, se configuram como um sistema altamente complexo, não-linear, aberto, imprevisível, sensível às condições iniciais, bifurcativos e adaptativos.

Pigott (2012, p. 353) aponta, reverberando o entendimento de outros estudiosos da complexidade, que:

 

Sistemas complexos são complexos porque consistem de "múltiplas interações entre muitos componentes diferentes" (Rind, 1999, p. 105), cada variável é um jogador mais ou menos significativo em uma rede interconectada de influências interativas. Eles são não-lineares no sentido de que uma perturbação do sistema pode causar um efeito significativo e desproporcional, um efeito proporcional ou um efeito insignificantemente desproporcional (tradução nossa).

 

Neste sentido, tomaremos a rede social, Facebook, como um Sistema Adaptativo Complexo (SACs). Conceito formulado por Holland (1995), os SACs referem-se aos sistemas que são capazes de se autoconfigurarem para se adaptarem às características correntes do processo ou do ambiente em que estão inseridos, ou seja, sistemas que atingem a solução através de sucessivos ajustes e interações. Em outros termos, nos SACs torna-se contraditória a vigência da dinâmica centralizadora e hierarquizada, uma vez que não se tem apenas um sujeito dinamizador, mas um conjunto deles e todos estão aptos para contribuir na solução de um problema, compartilhar informações ou conhecimentos de interesse da rede, marcado pelo contraditório. Um SAC tem duas características importantes: a diversidade (HOLLAND, 1995; VAN LIER, 2004) e a redundância (DAVIS e SUMARA, 2006), em decorrência de fatores relacionados os próprios sujeitos (bio-psico-social) e também fenômenos externos (os outros, as condições de produção, etc.) que provocam a evolução e a dinâmica complexa da rede social, tanto em suas partes como em seu todo sistêmico.

Quanto maior a diversidade da rede, maiores são as chances de o sistema possuir redundância em sua dinâmica. A redundância, conforme apontam Davis e Sumara