Do garrafeiro ao catador de materiais recicláveis: o (re) surgimento de um sujeito do projeto urbano


resumo resumo

Rubiamara Pasinatto



parte de um sistema de monitoramento e avaliação do projeto que é realizado e encaminhado para a financiadora a cada três meses. 

Apresentamos na sequência desta seção, a metodologia que será utilizada para a análise.

 

3.2. A metodologia: entrelaçamento do método teórico com a subjetividade do analista

A Análise de Discurso pecheutiana trabalha sobre a premissa de que a materialidade linguística não é transparente, se constituindo de uma superfície porosa. Sendo assim há a necessidade da construção de dispositivos para acessarmos ela, no sentido de penetrar no discurso, trabalhando a espessura linguístico-histórica, ou seja, a discursividade.

Ao abordar os dispositivos de interpretação, Orlandi (2010) ressalta que há dois tipos na AD: o dispositivo teórico da interpretação e o dispositivo analítico da interpretação. O dispositivo teórico é formado pelas noções e conceitos que constituem os princípios da análise de discurso, orienta o dispositivo analítico, visto que faz o “[...] deslocamento de uma leitura tradicional para uma leitura que chamamos sintomática [...].” (ORLANDI, 2010, p.26). Já o dispositivo analítico, de acordo com a autora, é a parcela que cada analista constrói para a análise específica do material linguístico.

Ainda a respeito dos dispositivos de análise, Orlandi (2010) afirma que o que se espera da parcela teórica é que ela produza um deslocamento que permita ao analista trabalhar as fronteiras das formações discursivas, entrando em uma relação crítica com o complexo das formações. Quanto ao dispositivo analítico ela lembra que o mesmo “[...] deve oferecer procedimentos (paráfrase, substituição, etc.) para que ele possa explicitar isso.” (ORLANDI, 2010, p. 26).

Assim, diante do que abordamos, o dispositivo analítico deste estudo será o seguinte: a) passagem da superfície linguística para objeto discurso – análise superficial, também chamada de de-superficialização; b) marcação de pistas linguístico-discursivas nos recortes discursivos que podem revelar as posições do sujeito; c) análise das posições-sujeito e da circulação do catador pelas formações discursivas.