Língua de imigrantes japoneses, a língua japonesa falada no Brasil pode
ser definida como resultante da fusão de dialetos das diferentes regiões
do Japão, com predominância de um ou mais dialetos conforme
a concentração de falantes procedentes de diferentes regiões
do Japão. Além dessa característica de mistura de dialetos
(verificada também na ilha de Hokkaido, ao norte do Japão,
onde se deu a colonização por japoneses de outras regiões,
em meados do século XIX), o japonês falado no Brasil apresenta
um outro traço: a presença do português.
Essa língua usada na comunicação cotidiana
no contexto nipo-brasileiro é chamada de Koronia-go (lit. "língua
da Colônia"), e é comumente caracterizada
pelos japoneses como “o japonês antigo misturado de língua brasileira
(o português)”. O uso da língua japonesa não se limita
apenas ao meio de comunicação oral na comunidade nipo-brasileira.
A língua escrita tem tido lugar nas publicações de jornais,
interrompidas, juntamente com a prática pública da língua,
no período da Segunda Guerra. Além disso, desde o início
da imigração, diferentes manifestações literárias
têm sido desenvolvidas no seio da comunidade sob a forma de contos,
romances, e poemas como Haiku e Tanka.
Como uma prática aliada ao ensino da língua japonesa,
o Centro de Estudos da Língua Japonesa, em São Paulo, promove,
anualmente, o concurso de Oratória com o público infantil e
adulto. Segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Nipo-Brasileiros,
em 1987, estima-se que a população japonesa (japoneses e seus
descendentes) residente no Brasil atinge o número de 1.300.000 habitantes,
dos quais os isseis (japoneses primeira geração nascidos no
Japão) representam 12,51%, os nisseis (filhos de japoneses) 30,85%,
os sanseis (netos de japoneses) 41,33% - dentre os quais 42% são mestiços
-, yonseis (bisnetos de japoneses) constituem 12,95%, dos quais 61% são
mestiços. Ainda segundo essa pesquisa, apenas 0,23% da população
japonesa no Brasil falam atualmente o japonês. Por outro lado,
a recente onda de migração de trabalhadores (japoneses e seus
descendentes) ao Japão, os "dekassegui",
pode trazer alguma mudança no comportamento lingüístico
daqueles que estiveram no Japão. A língua japonesa marca
também sua presença no português brasileiro, na introdução
de itens lexicais que representam os vários segmentos da cultura japonesa
e que estão inseridos na sociedade brasileira, tais como na alimentação
(sushi, sashimi, tempura, shoyu, shiitake), nos esportes e lazer (judô,
jiujitsu, karaoke), costumes (tatami, furô, quimono), etc.
(E.D.)