A cidade enquanto objeto do discurso enciclopédico
José Horta Nunes
umpercursoque vai dogeográfico urbanista ("área urbana", "urbanização", "população") a outras formações discursiva: econômica, política,cultural, social.
Cada formação discursivaapresenta uma certa densidade, e isso se observa quando se analisam os dispositivos linguístico-discursivos,que desenhamos contornos dos objetos, selecionando-os, derivando outros objetos na mesma formaçãodiscursiva, transformando-osna passagem de uma formaçãoa outra, etc. Enfim,os objetos discursivoseos mecanismos que eles colocam em funcionamento,mostram-secomo observatórios dos efeitos do interdiscurso,das formações discursivas, bemcomo dos processos deindivudua(liza)çãodos sujeitos.
Nosso corpus de análise tende à estabilidade,na medida em que busca fixaros saberes em um discurso enciclopédico, porém, mesmo nesses espaços é possível identificar os pontosque abrem para deslocamentos de sentido no interiordos discursosde organização da cidade. O jogo entre mercado e Estado surge como um espaço de contradição que marca a formações dos objetos urbanos na atualidade e quecaracterizam o duplo movimento ideológico da completude e da diversidade, dos direitos e deveres e da competição pelos lugares, pela economia global, pelas cidades.
Ao lidar coma região intermediária entre o estável e o instável, identificamosno discurso enciclopédico a tensão entreunidadeepluralidade citadina. Nos enunciados definidoresfala uma voz anônima, "formadora", "integradora", "legitimadora", ancorada em textos jurídicos, urbanísticos ou de especialistas.Mas tambémhá pontos de equívoco.E aí vemos outros caminhos a serem trilhados para uma melhor compreensão do urbano, em meio à polissemia, a diferentes faces e ângulos,a possibilidadesda resistência.
Referência bibliográficas
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