Ao observar a espacialização da linguagem em Pontes e Lacerda, considerada uma cidade pequena, com pouco mais de 40.000 habitantes, situada no extremo oeste mato-grossense, muito nos instigou a refletir sobre os nomes das vias urbanas quando percebemos que um número considerável de ruas e avenidas que cortam o atual centro da cidade trazem nomes de estados brasileiros. Já de início apontamos a necessidade de distinguirmos os sentidos de rua e avenida pelo modo como esses nomes funcionam no espaço urbano da cidade de Pontes e Lacerda. O espaço urbano pontes-lacerdense é organizado em forma dequadras(como se vê na imagem abaixo), onde as vias que aparecem no sentido horizontal possuem o estatuto de ruas e as do sentido vertical, de avenidas.
Com um breve levantamento foi possível contabilizar onze vias urbanas com nomes de estados do Brasil. A partir disto, ficamos instigados a compreender o funcionamento semântico-enunciativo do processo em que se dá a nomeação das referidas ruas e avenidas, sem nos filiar a uma posição referencialista ou a qualquer perspectiva que considere a univocidade do sentido pela relação direta entre palavra/objeto único.
A este respeito Guimarães (2005) propõe pensar a semântica num campo epistemológico que permite ver que a linguagem fala de algo e o que se diz é construído na linguagem. Nessa perspectiva, fica configurado um novo modo de ver a relação entre sentido, sujeito e língua pela enunciação, e por seguinte, pela linguagem. Ao questionar a transparência da linguagem, o autor constitui um lugar que se possa considerar a história do sentido no tratamento da enunciação. Nesse gesto, o semanticista mantém