Idade Média a oposição à ação era paixão (adoecer) –, o que o leva a observar, então, que a “problemática da resistência é moderna e se articula intimamente à ideia de reação como oposto e simétrica à ação nesse contexto histórico” (ibidem, p. 330).
Se o Estado tem o poder de intervir sobre a cidade demolindo casas para poder abrir novas ruas ou realizar obras de metrô, para recuperar dois exemplos, o que se destaca com a sigla é a forma com que tal poder comparece: como pichação na moradia privada, mancha na parede externa da casa, que não pode, no entanto, ser retirada (limpa?) por ter sido feita pelo Estado. A foto, ao lado da pichação pelo Estado, produz outros efeitos: da força estética da arte em oposição à mancha pelo Estado.
Com as fotos nas paredes das casas tem-se a resistência como reação à ação do Estado. A questão que fica para outra reflexão é quanto à simetria: até que ponto à força do Estado se opõe a outra força – simétrica – da estética da arte?
Referências bibliográficas:
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