Revista Rua


Do digital às digitais mo Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): (Re) Interpretações da História Política na cidade em movimento
From the digital to the fingerprints in the Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): the political History (re)interpretations in the city in movement

Angela de Aguiar Araújo e Luciana Leão Brasil

processos de identificação são interpretados pelo duo público/privado. Os painéis observam a cidade porque dela fazem parte. A escolha do par supracitado se deve ao fato de existir uma relação fortemente constitutiva entre a memória e o imaginário social do cidadão de Córdoba. Os sujeitos se filiam a discursividades em que há sempre uma urgência contraditória do olhar para a composição de sentidos. Não há “solução” para isso, pois estamos diante de reais – da língua (a incompletude) e da história (a contradição). O sujeito tem a sensação de que as coisas já fazem sentido, ou seja, o sentido dos efeitos ideológicos criados para os sujeitos e não pelos sujeitos:
 
A ideologia se movimenta justamente sob a paralisação do significado sob o significante (ou sobre, tudo é uma questão de ângulo), que produz o que Roland Barthes chamou de naturalização das significações, com perda de seu caráter histórico e contingente. (KEHL, 2004, p. 17)
 
Esta é a contribuição de um estudo ao nível discursivo, articular: sujeito, inconsciente, ideologia, simbólico, político. Enfim, uma constelação de conceitos que ora se fazem necessários para compreensão do estar social do indivíduo não só inserido, mas atuante e atravessado no espaço da cidade:
 
O corpo dos sujeitos está atado ao corpo da cidade e estes são significados por essa ligação. E de tal modo se articulam que o destino de um não se separa do destino do outro, em suas inúmeras e variadas dimensões: material, cultural, econômica, histórica etc. O corpo dos sujeitos e o corpo da cidade formam um só. Nosso corpo, urbano, que se textualiza como um corpo de cidade, ocupa um espaço e é ocupado por ele. (ORLANDI, 2004, p. 11)
 
O corpo do sujeito e o corpo da cidade estão intimamente unidos e essa relação é espacializada. Para Orlandi, o sujeito da cidade tem a forma sujeito histórica capitalista. Mas nem sempre foi dessa maneira a forma sujeito histórica ao longo da história em relação ao sujeito da contemporaneidade. Os indivíduos são afetados pela exterioridade, pelos movimentos dos sentidos do político, do Estado, das demandas sociais e tais processos estão presentes no modo como se constitui a subjetivação. Os estudos de Claudine Haroche (1992) elaboram um percurso histórico do modo como os indivíduos se tornam sujeitos. Durante o período que transcorreu entre a Idade Média e a Idade Moderna, em sua transitoriedade temporal, o Poder passou não mais a estar concentrado nas mãos da Religião. O Poder passou a estar nas mãos do Estado. Os ditames sociais vinham organizados conforme as leis divinas. Deus era a “voz de comando” à que o indivíduo se assujeitava. A organização social era construída segundo as leis dessa Voz. A obediência às leis divinas era o fundamento do estar no mundo do indivíduo. Em nome de Deus a sociedade era estamental. Em nome de Deus se