Fechamos o ano de 2023 com a revista Rua trazendo à tela artigos importantes para compreendermos um pouco mais das relações sociais que se materializam de diferentes formas em diferentes espaços discursivos. Começamos, na Seção Estudos, com o artigo Cidade de aço: sentidos sobre o digital no espaço urbanode Dantielli Assumpção Garcia e Vitória Delpino de Castro, em que as autoras analisam como sentidos sobre o digital são construídos no cotidiano da cidade e circulam a partir de um conjunto de escrituras urbanas, escutando os sujeitos que estão experienciando o acontecimento das redes. De seu lado, em As cidades inteligentes e o desafio da inclusão digital, de Ângela Maria de Oliveira e Eduardo José Grin, é apresentado o estudo de caso de seis cidades inteligentes brasileiras, com o objetivo de verificar se nesses municípios ocorreram ações de inclusão digital, contribuindo com a integração das duas áreas de políticas públicas – cidades inteligentes e inclusão digital. Observando ainda o digital, agora mais especificamente as plataformas digitais de comunicação, Jackson da Silva Medeiros, em Ideologia, Aparelhos Ideológicos de Estado e plataformas digitais de comunicação: algumas considerações, discute aspectos teóricos e conceituais que permitam estabelecer relações entre o funcionamento das plataformas, o capitalismo a partir do materialismo histórico. Dando um giro para o funcionamento midiático, tendo como objeto as jornadas de junho de 2013, Anderson de Carvalho Pereira e Juan Monteiro, emDez anos das jornadas de junho de 2013: sentidos materializados em manchetes jornalísticas, percorre sentidos em disputa no modo da mídia recordar estas manifestações de rua. Por seu lado, observando o jornalismo digital, especificamente, Lucinéia Oliveira e Gerenice Ribeiro de Oliveira Cortes, em A COVID-19 como acontecimento discursivo: um “carnaval” de sentidos nas mídias digitais, analisam a Covid-19 como acontecimento discursivo, considerando os confrontos de sentidos e de sujeitos nas mídias digitais. Ainda no espaço da saúde, Deborah Pereira, em seu artigo Formações Imaginárias sobre o médico no Brasil: algumas repercussões na língua, reflete a respeito de como determinadas formas de falar e escrever são (des)legitimadoras de dadas profissões. Olhando também para o trabalho, observando agora a relação com o espaço público, o artigo Vivendo das ruas: fatores estruturais e motivacionais no cotidiano de trabalhadores de rua na capital do Estado do Tocantins, de Mariane Freiesleben e Alex Pizzio, explora a expansão do trabalho de rua e da informalidade nas cidades do norte do Brasil, particularmente em Palmas, Tocantins. Outro giro e vamos ao espaço do literário na sua relação com a cidade e suas práticas, com o artigo de Breno Góes, “Do alto da minha goiabeira”: As crônicas de Aldir Blanc como resistência epistemológica, em que o autor analisa de que maneira as metáforas de Blanc se relacionam com as questões políticas de seu tempo, particularmente à política imobiliária epistemicida operada pela Ditadura no Rio de Janeiro. Olhando para as práticas na cidade e pela cidade e suas políticas de ocupação, o artigo Samaritá: do espaço de destruição à reinvenção do lugar, de Kauê Marques Romão, Evandro Fiorin e Marina Biazotto Frascareli, examina as transformações econômicas e urbanas de São Vicente, no litoral paulista, durante o ciclo do café e a subsequente desindustrialização ferroviária da cidade. Ainda sob o olhar das práticas citadinas e suas políticas de ocupação, Luiz Sérgio de Oliveira, em seu artigo Guga Ferraz e o arrasamento do Morro do Castelo: arte e gentrificação no Rio de Janeiro, analisa o projeto de arte urbana de Guga Ferraz e seu entorno político-conceitual, tendo como pano de fundo as transformações urbanas desde a primeira metade do século XX. Ainda dentro desse escopo das práticas de ocupação urbana, temos o artigo Construção do espaço urbano em Içara: do planejamento tecnicista ao fazer-cidade, de Bruno da Silva da Silveira e Viviane Kraieski de Assunção, no qual são apresentadas práticas insurgentes de atores sociais marginalizados no fazer-cidade em Içara, Santa Catarina. Fechando a seção, temos Mapeamento visual em Bragança, Portugal: ler a cidade a partir dos muros, de Tarcisio Torres Silva, em que se realiza um mapeamento visual da cidade de Bragança, Portugal, tendo em vista intervenções (negociadas ou não) sobre os muros. Na seção Artes temos poemas de Shara Lopes e na seção Resenhas e Notícias, além dos tradicionais informes sobre algumas das ações dos pesquisadores do Labeurb no segundo semestre de 2023, temos a resenha As possibilidades de fracasso do discurso de ódio, de Gabriela Agostinho Pereira, sobre o livro de Judith Butler – Discurso de ódio: uma política do performativo.