Introdução
Na temática aqui proposta, abordamos o funcionamento de discursos relacionados a práticas e produções artísticas do campo das Artes Visuais, consideradas como geradoras de efeitos de sentidos, nas suas formas de apreensão e inscrição em espaços administrados pelo Poder Público, na cidade de Maringá-Paraná. Objetivamos investigar, pelo viés discursivo materialista de observação da cidade, formas de inscrição e de utilização de espaços arquitetônicos fechados e sob responsabilidade do poder público, em Maringá, por práticas relacionadas às artes visuais, a fim de compreender como estas significam (n)esses espaços.
Observa-se, na cidade de Maringá, que a utilização de espaços de edificações já existentes como espaços artísticos, por artistas e produtores culturais, denuncia a carência de locais específicos planejados para atender às práticas e produções ligadas às artes visuais, bem como de investimentos regulares em estrutura física para a ocorrência regular de práticas artísticas, respondendo às suas necessidades específicas. Nesse contexto maringaense, visualizamos ausência de espaços específicos para atender a essas finalidades, principalmente, no que se refere a espaços fechados e sob responsabilidade do poder público. Em face das dificuldades de investimento para a criação de novos espaços no conjunto urbano, esses espaços são geralmente ocupados de forma improvisada. Desse modo, interrogamo-nos, nesta pesquisa, de que forma a relação entre espaços arquitetônicos de responsabilidade do poder público e produções artísticas visuais aponta, discursivamente, para (in)adequações nessa relação, considerando as especificidades das artes visuais e sua inscrição no contexto urbano.
No campo das Artes Visuais, Carvalho (2007) sistematiza o conceito de espaço em referência a um contexto amplo e geral, que se configura como noção com espessura histórica, cultural, social, perpassada pelas dimensões fenomenológica, sensível e estética, e a partir do qual derivam as noções de local e lugar. O termo local delimita aspectos de ordem física, materiais, mensuráveis, constitutivos da experiência espacial, enquanto lugar delimita os aspectos de ordem simbólica, cultural, não mensuráveis em termos quantitativos rigorosos.
Textualizando a prática investigativa, o termo espaço é aqui adotado contemplando a sua dimensão física, histórica, cultural e simbólica. Excepcionalmente, empregaremos local quando pretendermos nos referir, de forma bem pontual e com necessidade de demarcação, apenas à localização geográfica. O termo lugar será empregado como é trabalhado na Análise de Discurso (AD) por Orlandi (2005), tendo