Da relação sujeito, religião e estado: O discurso da liberdade e das letras na cidade


resumo resumo

Eliana de Almeida



O Brasil das décadas de 20 e 30 do século passado constituiu-se cenário de acirrada polêmica no entorno do processo de modernização, materializando no espaço da cidade, em suas várias formas de significação, as tensas relações empreendidas entre a Igreja e a modernidade. Conforme Dias (1996)[1], durante a Revolução Francesa, considerada um marco dos direitos humanos e da civilidade letrada, o catolicismo esteve preso aos ideais reacionários, recusando-se aos novos tempos. Posição esta que, na sua relação com o lema da Revolução Francesa, de liberdade, igualdade e fraternidade, este novo que emerge passa a constituir no Brasil, sob a égide republicana, histórias particulares de fundação das pequenas cidades brasileiras, dadas as injunções historicamente estabelecidas entre a Igreja, Estado e o cidadão brasileiro.

A cidade de Iepê, situada à região sudoeste do estado de São Paulo, fundada em 1923, contando hoje com aproximadamente nove mil habitantes, é o espaço discursivo que recortamos para este estudo. Tomar a cidade enquanto espaço discursivo significa, para nós, supô-la enquanto linguagem, povoada de sentidos, como um texto, conforme proposto por Orlandi (2001, p. 185), como espaço onde “a história e a língua se articulam produzindo sentidos”. Das narrativas de antigos moradores, dos relatos históricos, do gesto de construção de templos e do documentário Iepê: há 90 anos uma Terra para Todos (2013)[2], em circulação no http://www.youtube.com/watch?v=1HA-PcJ7Ji0, constituímos o material de leitura para a composição do corpus, em que buscaremos compreender os sentidos para a cidade pela Análise do Discurso (PÊCHEUX, 1988; FOUCAULT, 2006; ORLANDI, 1983; 2001; 2007), numa relação com a noção de reescritura, conforme trabalhada pela Semântica do Acontecimento (GUIMARÃES, 1987).

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[1] Pesquisador e filósofo das religiões, formado pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – IFCH, da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.

[2] Agradecimentos especiais à Profª Selma Greice de A. Matos, historiadora pela Faculdade de Tupã-SP, por suas valiosas contribuições.