Uma análise discursiva da veiculação das manifestações de junho de 2013 pela revista Veja


resumo resumo

Raquel Noronha



  1. Introdução

Neste trabalho, analisamos duas edições da Revista Veja (19 e 26 de Junho de 2013) sobre a repercussão das manifestações contra o aumento da tarifa do transporte público ocorridas neste mesmo mês em várias cidades do Brasil.

Escolhemos a revista Veja como lugar para trabalharmos nosso objeto de análise (a neutralidade no discurso midiático) porque a revista faz parte de um dos maiores conglomerados midiáticos do Brasil, o grupo Abril. O grupo detém uma parcela significativa de leitores e, portanto, têm uma influência significativamente relevante.

No período em que as manifestações ocorreram, a mídia em geral procurou entender e explicar o que estava acontecendo. Muito se falou que o 'povo acordou' e muita atenção foi dada ao fato de milhares de brasileiros irem às ruas se manifestar. Fato bastante comum em outros países, poderia apenas mostrar que, de uma maneira geral, não se tem o hábito de ver grandes manifestações de rua no Brasil. Mas acabou sendo motivo para uma parte da mídia apontar a necessidade (urgente) de uma mudança política.

Tomamos as duas edições da revista em questão porque nelas podemos observar uma substancial mudança de posição. Em um primeiro momento, é de represália a um “ato de badernagem”. Enquanto na semana seguinte, é de reiterar a importância de se manifestar contra, não mais o motivo que os manifestantes empunhavam nos cartazes, mas a corrupção política do governo federal.

Vamos nos focar na seção “Carta ao Leitor” da revista, trazendo outras seções na medida em que contribuírem para nossa análise. Escolhemos nos focar nesta seção porque é onde, sistematicamente, a revista reafirma seu compromisso com a neutralidade e imparcialidade, objeto de nossas análises.

 

2. A Análise do Discurso

Filiamo-nos aÌ€ Análise do Discurso (AD) de perspectiva materialista. A AD permite compreender os sentidos e interpretá-los a partir de uma relação que se estabelece no discurso com sua exterioridade e a história. É na relação da linguagem com a história que o sentido se constitui.