Pelos sentidos mobilizados pelos dizeres, o uso de espaços ligados à administração pública está diretamente relacionado com os processos burocráticos e a interdição que acarreta para efetivar ações referentes às artes visuais:

E4: [...] a gente tem uma programação artística, que é o Convite às Artes Visuais. [...], essa é uma maneira da gente incentivar a produção de artes visuais da cidade [...].

G2: A gente tem alguns programas, que a Prefeitura tem lançado nos moldes que tem o incentivo, eh... Convite à Musica, Convite à Dança, Convite ao Teatro, agora Convite às Artes Visuais.[2]

G3: [...] o próprio Calil Haddad[3] fez uma, eh... abertura, né, o Convite às Artes Visuais, que é mais um espaço que Maringá ganhou, com as artes... [...]

G5: [...] eu vou participar dessa exposição lá no Calil Haddad, que é esse Convite às Artes Visuais [...]. Muitos deles num passou, porque fica com essa questão que é o espaço público, né. Mexe com muitas esferas, né.

Há um sentido de valorização das artes visuais pela administração pública, que é produzido nos enunciados de G2 e G1. Como se pode observar pelos recortes, com a criação de uma nova programação cultural, seguindo o mesmo formato existente para outras áreas (dança, música e teatro), as artes visuais são colocadas em condições de “igualdade” em relação a estas outras modalidades, que já são beneficiadas pelo Município há mais tempo, por meio desses “programas” ou “formatos”.

Para os sujeitos, que enunciam de um lugar social determinado, isso é entendido também como parte de um processo, que representa um desenvolvimento crescente do interesse, por parte do Poder Público, pelas artes visuais. Contudo, trata-se de um interesse regulatório, administrativo. Ao mesmo tempo em que os projetos culturais devem trazer uma contrapartida à população, para o Poder Público municipal interessa, também, ser posto à visibilidade, ter a chance de imprimir a sua marca por meio do apoio cultural dado pela gestão.

O sentido de oportunidade, produzido nos/pelos dizeres dos sujeitos, é produzido também no discurso regulatório, que aparece na fala do administrador, como observamos

2 Programa iniciado em 2012, pela Prefeitura de Maringá, que surge após debates entre os artistas da cidade e a Secretaria de Cultura do Município. Tem por objetivo selecionar projetos na área das artes plásticas, que recebem então uma verba do Município para sua execução.  

[2] Programa iniciado em 2012, pela Prefeitura de Maringá, que surge após debates entre os artistas da cidade e a Secretaria de Cultura do Município. Tem por objetivo selecionar projetos na área das artes plásticas, que recebem então uma verba do Município para sua execução.  

[3] Teatro inaugurado em 1996 e nomeado em homenagem a Calil Haddad, pioneiro da área cultural na região, que se tornou o principal espaço cultural da cidade de Maringá, segundo consta em arquivos da Gerência de Patrimônio Histórico do Município.