As ruas comerciais, o consumo e a vida social urbana: o universo dos ateliês da Rua Dias Ferreira


resumo resumo

Sílvia Borges Corrêa



aproximadamente dez meses, com observação direta na rua e nos estabelecimentos comerciais, e entrevistas em profundidade com comerciantes, preferencialmente proprietários e gerentes dos ateliês de moda. Cabe registrar que o gênero masculino está sendo utilizado para a referência aos comerciantes e aos consumidores da Rua Dias Ferreira, mas o universo dos ateliês ali localizados é predominantemente feminino, com pouca presença de representantes do sexo masculino nos trechos da rua e nos prédios nos quais se localizam esses ateliês. No entanto, a rua em geral, especialmente por conta dos restaurantes e bares, que contribuem significativamente para o movimento e o trânsito de pessoas existentes na Dias Ferreira, conta com a presença também do sexo masculino, diluindo o predomínio da presença feminina na rua como um todo.

Localizada no Leblon, região nobre da Zona Sul da cidade, a Rua Dias Ferreira foi a primeira rua aberta no bairro[1] – chamada de Rua do Pau – e atualmente é conhecida por abrigar bares e restaurantes modernos e ateliês de moda feminina, especializados naquilo que poderia ser chamado de “vanguarda” ou “tendência”. Como descrito pela mídia em várias ocasiões, a Dias Ferreira reúne “gastronomia, moda e gente bonita” (CERQUEIRA, 2007), numa clara referência não só aos estabelecimentos comerciais, mas também aos freqüentadores da rua, pois esses restaurantes e ateliês atraem artistas e pessoas das classes média-alta e alta cariocas. Passou a ser considerada uma “rua-vitrine” do Rio de Janeiro por encarnar aquilo que poderia ser descrito como o estilo “sofisticado carioca”, que incorporaria a descontração e o despojamento típicos do “jeito de ser carioca” à sofisticação do comércio presente naquela rua da Zona Sul da cidade.

 

 



[1] Não há consenso sobre o primeiro nome da Rua Dias Ferreira ter sido Rua do Pau, pois, em algumas referências, Rua do Pau é o antigo nome da Rua Conde de Bernadote. Diferente do que acontece com outras ruas da cidade do Rio de Janeiro, cujas histórias são bem documentadas, para a Rua Dias Ferreira praticamente inexistem referências sobre sua história.